Nuno Gonçalves ( 1450-72), Pintor português reconhecido como um dos grandes mestres do século XV. Depois da descoberta em 1882 do seu único trabalho conhecido, a pintura do altar do convento de São Vicente, e depois de 400 anos de anonimato, Nuno Gonçalves foi finalmente reconhecido como o fundador da escola de pintura Portuguesa e um artista de importância Universal.
Aparentemente Gonçalves foi pintor de D. Afonso V em 1450. Francisco de Holanda nos seus "Dialogues on Ancient Painting "(1548), refere-se a Nuno Gonçalves como uma das" águias" um dos mestres do século XV -- mas o seu nome e trabalhos estavam perdidos na história.
A sua obra prima para a catedral de Lisboa foi destruída no terramoto de 1755, e a sua outra obra com o tema de São Vicente, o santo patrono de Lisboa e da casa real de Portugal, desapareceu até 1882, quando foi descoberta no convento de São Vicente. Não foi senão em 1931, quando sua obra foi exposta em Paris, que Gonçalves recebeu o reconhecimento internacional que merecia.
O Políptico de São Vicente (hoje no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa) consiste em seis painéis, dois largos e quatro mais estreitos, dominado pela figura de São Vicente. No maior deles, o "Painel do Infante", o santo é venerado por um grupo de nobres, entre os quais Afonso V.
No outro "Painel do Arcebispo" ele é rodeado pelos clérigos e cavaleiros. Nesta portentosa galeria de figuras agrupadas numa composição medieval há uma meditação na peregrinação das almas, de cristãos numa viagem de descoberta a volta do santo patrono.
Este é o trabalho de um mestre que mostra alguns traços do arte Italiano e flamengo mais que também revela o seus próprios tributos, uma economia de linha, pincelada brilhante, soberba caracterização, e uma maestria de composição, todas unidas e subordinadas a uma visão religiosa do trabalho.
Condensado da informação da Enciclopédia Britanica
2 comentários:
Bom dia
Dá-se conhecimento da publicação do nosso livro "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro" que se encontra disponível em www.bubok.pt (pesquisar por “painéis”).
Defendemos nesta obra que os Painéis de S. Vicente de Fora foram executados em memória do infante D. Pedro, cuja imagem tinha sido denegrida pelos seus opositores logo a seguir à subida ao poder de D. Afonso V. Reflecte também o perdão mais tarde concedido por este rei aos partidários e familiares do antigo regente de Portugal falecido na batalha de Alfarrobeira
O facto de termos identificado uma série de indícios e pistas relacionados o Infante D. Pedro levou-nos a esta conclusão. Vejamos alguns:
•O “judeu” onde visualizamos um doutor em leis, beneditino, oriundo da Borgonha que só pode ser Jean Juffroy embaixador enviado pela duquesa D. Isabel com a missão, entre outras, de protestar contra o enterro vergonhoso dado ao corpo de D. Pedro, após o seu falecimento na batalha de Alfarrobeira. Chama-se a ainda atenção para o pormenor do indicador direito daquela personagem estar a apontar precisamente para o seu nome (em latim) no livro “ilegível”. A presença desta figura prova que os Painéis são uma evocação de D. Pedro, não havendo outra justificação para esta personagem estar ali.
•O caixão e o peregrino formam um conjunto cuja leitura nos conduziu também ao Infante: um caixão aberto a significar que apesar dos sucessivos enterros dos seus restos mortais, todos estes foram em vão; um peregrino idoso a simbolizar os anos e as viagens feitos pelos ossos de D. Pedro.
•A decifração no livro aberto do painel do Infante de uma pergunta “quem é o pai?” e a respectiva resposta “o pai…está à direita”, isto é, está a dar indicações ao observador da pintura onde se encontra o pai da rainha D. Isabel (a jovem), que localizamos na personagem com um joelho no chão do painel do Arcebispo.
•Uma proposta, praticamente inédita, para a figura santificada baseada nas cenas e interações que vemos nos painéis centrais
•E outros mais onde se incluem identificações para os seus familiares e apoiantes mais próximos.
A publicação deste trabalho visa contribuir e abrir novas pistas de investigação, de modo a se poder descortinar um pouco mais o mistério que envolve os Painéis de S. Vicente de Fora.
Cumprimentos
Clemente
(www.clemente-baeta.blogspot.com)
Muito pertinente a ideia da "peregrinação das almas" e sim, em torno de S. Vicente e sem precisar das interpretações fantasiosas do Infante Santo ou das datações ainda mais disparatadas com base na dendrocrologia (que implicava ter sido pintado na altura do abate da árvore)
Pensei que a figura do velho pobre a carregar o caixão aberto (de S. Vicente, como foi encontrado, e aberto, para se tirar a relíquia) se podia inserir no "pagamento de promessas".
Era hábito fazer-se uma procissão como "ex-voto" a pagar uma promessa, carregando um caixão, em simulação da própria morte.
O que escreveu, no sentido de viagem das almas, enquadra-se pertinentemente nessa ideia.
Mais incrível é o judeu fazer parte dela, mas em Portugal foi assim- o estatuto especial e liberdade que gozaram os judeus próximos da corte.
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