domingo, 17 de novembro de 2013

A PROVÍNCIA DA LUSITÂNIA - 45AC-411DC


Primeira Guerra Púnica

Asdrubal Barca
Após a Primeira Guerra Púnica ( 264-241 AC ), os Cartagineses decidiram conquistar a Península Ibérica . Mas o seu domínio , aliás incompleto no quadro geográfico hispânico, foi efémero. 

Com a Segunda Guerra Púnica ( 218 - 201 AC ) os cartagineses foram totalmente derrotados, Cartago foi destruída, e Roma dominou as costas este e sul da península, e os povos célticos que tinham sido absorvidos pela população indígena ocuparam o oeste

Uma federação céltica, a Lusitania, resistiu à penetração romana sob o brilhante comando de Viriato. Depois do seu assassinato ( cerca 140 AC ), Decius Junius Brutus pôde marchar para o norte, através do centro de Portugal, atravessou o rio Douro e subjugou a Galiza. Julio César governou o território por um tempo.

Resistência Lusitana

Campanhas de Viriato contra os romanos Em 147 AC opôe-se à rendição dos lusitanos a Caio Vetílio, que os tinha cercado no vale de Betis , na Turdetânia. Derrota os romanos no desfiladeiro de Ronda, que separa a planície do Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia, fazendo nas fileiras inimigas uma espantosa chacina, tendo sido morto o próprio Vetílio. Seguidamente os lusitanos destroçam as tropas de Cayo Pláucio, tomando Segóbriga e as de Cláudio Unimano, que em 146 AC era o governador da Hispânia Citerior. Em 145 AC os lusitanos voltam a derrotar as tropas romanas de Caio Nígidio.

Exército romano
O Exército Romano

Sérvio Túlio reorganizou o exército durante o seu reinado, em 451 a.C., tendo em conta a necessidade de se criar algo mais móvel e flexível, a falange foi dividida em «centúrias» mais pequenas. 

Roma, que nascera da conquista e da subjugação dos povos vizinhos, teve o exército mais disciplinado e valoroso da antiguidade. Era constituído, a princípio, por todos os cidadãos válidos, chamados somente às fileiras em horas de perigo sob o comando do próprio rei. A necessidade crescente das conquistas obrigou o poder romano à criação do soldo.


Os corpos de exército nos principios do Império, eram quase na totalidade constituídos por aqueles que tivessem um lar a defender, porque no pensar de Roma, só esses teriam o autêntico valor militar. A Legião Romana era a divisão fundamental do exército romano. As legiões variavam entre os 4000 e os 8000 homens, dependendo das baixas que eventualmente sofressem nas batalhas. Para além dos soldados, há que contar com os inúmeros servos, escravos e seguidores que as acompanhavam. Durante as suas campanhas na Gália, as legiões de Júlio César eram compostas por não mais de 3000 soldados.

Centurião

Durante a República e certos períodos do Império Romano, não havia um exército romano propriamente dito. Cada general, ou alto magistrado, possuía uma ou mais legiões que lhe eram fiéis e obedeciam antes às suas ordens que às ordens de um comandante geral. Durante a República, cada cônsul era responsável por suas próprias legiões, devendo também comandá-las.

Dos, em média, 5000 homens em uma legião, cerca de 300 eram provenientes de cidades ou estados vassalos, e faziam o papel de auxiliares de infantaria ou cavalaria.

O componente principal da legião era a infantaria pesada, formada por soldados armados com pilo e gládio, protegidos por uma "lorica segmentata" e um escudo rectangular convexo. Além, é claro, de um capacete, sendo que o mais utilizado no período imperial foi o modelo imperial gálico.

A Legião era dividida em centúrias (divisões com 80 legionários e não 100), comandada pelos centuriões. Tambem essas eram, eventualmente, divididas em agrupamentos de dez, comandadas por decuriões.

Cinco a oito centúrias formavam a corte, geralmente comandada por um tribuno; seis a oito coortes formavam a Legião. As legiões romanas eram formadas pelos: 

Hastati - (os homens dos dardos) – eram os soldados mais novos e menos experientes. Cada um estava armado com duas lanças de arremesso – a hasta (dardo pesado) ou o tipicamente romano pílum. Este tinha quase três metros de comprimento, com uma flecha de metal que se torcia com o impacto, não podendo portanto ser recuperada. 

Príncipes – soldados mais velhos e experientes usavam armas semelhantes aos hastatis, tomavam a iniciativa após o desaparecimento no meio das suas próprias linhas dos hastatis, caso a linha inimiga aguentasse firme.

Triarii – veteranos da guerra, que criavam uma parede defensiva por onde escapuliam os príncipes caso, o seu ataque, também falhasse.

O comando supremo do exército era confiado a um ou mestre de cavalaria. O tribuno militar comandava a Legião. Mais que o génio militar dos seus generais foi esta magnífica organização e o valor dos seus soldados que provou ser devastadoramente efectiva contra todas as formações inimigas.

Quinto Máximo contra Viriato
Cavalaria pretoriana

Em 145 AC Quinto Fábio Máximo, irmão de Cipião "O Africano" é nomeado cônsul na Hispânia Citerior e é encarregado da campanha contra Viriato ao comando de duas legiões.

Ao princípio tem algum êxito mas Viriato recupera e em 143-142 AC volta a derrotar os romanos em Baecula e obriga-os a refugiar-se em Córdova. Simultaneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas revoltavam-se contra as prepotências romanas, acendendo uma luta que só terminaria em 133 AC com a queda de Numância.

Viriato tinha agora um exército desfalcado e fatigado das lutas. Apagava-se a sua estrela. O novo governador Quinto Servílio Cipião reforçado com tropas de Popílio Lenas, dispunha de forças muito superiores. Viriato foi compelido a pedir a paz, tendo que entregar aos romanos os principais revoltosos, entre os quais se encontrava Astolpas, o seu próprio sogro. 

Teve que entregar também muitos outros, aos quais os romanos cortaram as mãos, costume lusitano, que os romanos não desdenhavam adoptar noutras ocasiões. Enviou a Servílio três emissários, Audax, Ditalkon e Minuros, que Viriato considerava dos seus melhores amigos. Estes foram subornados por Servílio que lhes prometeu honras e dinheiro em troca do assassinato do seu chefe. Estes assim procederam, e o glorioso caudilho foi por eles morto quando se encontrava a dormir na sua tenda. 

Trireme romana
Na marcha por entre territórios inimigos, um legionário era equipado com:

uma armadura (lorica segmentata ou mais comumente chamada lorica hamata) ,uma armadura especial que podia ser produzida em vários locais e depois montada assim acelerando a sua produção (primórdios da produção militar moderna),
um escudo (scutum) rectangular de 1,5 metros,
um capacete (galae)
dois dardos (um pesado chamado pilum e outro leve),
uma espada curta (gladius),
uma adaga (pugio),
um par de sandálias de cabedal (caligae), resistentes e pesadas ,
uma sarcina (bolsa de carga) que continha comida para alguns dias,
material para cozinhar
duas estacas (sudes murales,) um tipo de cerca romana, uma pá e um cesto de usos gerais.

Balesta romana
Simultaneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas revoltavam-se contra as prepotências romanas, acendendo uma luta que só terminaria em 133 AC com a queda de Numância.

A Legião Romana

A Marinha Romana

A Marinha Romana foi a força naval da antiga  Roma. Apesar de ter jogado um papel decisivo na expansão romana no Mediterrâneo, a Marinha nunca teve o prestígio das legiões romanas. Ao longo de sua história, os romanos eram um povo essencialmente terrestre, e deixaram os temas nauticos nas mãos de povos mais familiarizados com eles, como os gregos e egípcios para construir navios e manejá-los. Em boa parte por causa disso, a marinha nunca foi totalmente abraçada pelo Estado romano, e era considerada "não-romana" 
Birreme Romana
Nos tempos antigos, as frotas militares e comerciais não têm a autonomia logística de hoje. Ao contrário das forças navais modernas, no exército romano, mesmo no seu auge, não existiam independentemente, mas funcionaram como um adjunto do exército romano.

Durante a Primeira Guerra Púnica , o exército foi  expandido maciçamente e desempenhou um papel vital na vitória romana e a ascensão da República Romana para a hegemonia no Mediterrâneo. Durante a primeira metade do segundo século AC. Roma destruiu Cartago e subjugou os reinos helenísticos do Mediterrâneo oriental , alcançando o domínio completo de todas as margens do mar para o interior, que eles chamavam de Mare Nostrum . 

A frota romana voltou a jogar um papel de liderança no primeiro século AC em guerras contra os piratas e as guerras civis que levaram à queda da República , cujas campanhas se espalharam por todo o Mediterrâneo. Em 31 . C. a grande batalha de Actium acabou com a guerra civil, com a vitória final de César Augusto e do estabelecimento do Império Romano .

Durante o período imperial, o Mediterrâneo era um pacífico "lago romano " pela ausência de um rival marítimo e marinha foi reduzida principalmente para o patrulhamento e tarefas de transporte.

Conquista e destruição de Numância

Numância foi uma antiga cidade da Península Ibérica, a 7 km norte de Sória, na povoação de Garray, situada nas margens do Rio Douro.

Fundada no início do século III a.C., e habitada pelos aravecos, um povo Celtibero, foi destruída pelas tropas romanas de Cipião Emiliano em 133 a.C., após um cerco de onze meses que pôs fim a uma feroz resistência de vinte anos aos invasores. Emiliano, para quebrar a tenaz persistência de Numância, utilizou uma técnica de cruel paciência, construindo um cerco amuralhado em torno da colina de Numância, levando os seus habitantes à inanição e ao desespero. Ao fim de onze meses, os numantinos decidiram pôr cobro à sua vida suicidando-se em massa.

Ruinas da cidade de Numancia
Conta-se que, ao entrar na cidade, Cipião encontrou corpos de mães segurando os corpos de seus filhos mastigados, supondo que durante o cerco certa parte da população recorreu ao canibalismo. A povoação tornou-se então um símbolo da luta contra os romanos e hoje em dia é um monumento nacional espanhol.

Quem eram os lusitanos ?


Lusitano
Em 140 AC Viriato derrota o novo cônsul Fábio Máximo Servilliano, matando mais de 3.000 romanos, encurralando o inimigo e podendo destroçá-lo, mas deixou Servilliano libertar-se da posição desastrosa em que se encontrava, em troca de promessas e garantias de os Lusitanos conservarem o território que haviam conquistado. Em Roma esse tratado de paz foi depois considerado humilhante e vexatório e o Senado romano volta atrás, e declara-lhe guerra.

Viriato tinha agora um exército desfalcado e fatigado das lutas. Apagava-se a sua estrela. O novo governador Quinto Servílio Cipião reforçado com tropas de Popílio Lenas, dispunha de forças muito superiores. Viriato foi compelido a pedir a paz, tendo que entregar aos romanos os principais revoltosos, entre os quais se encontrava Astolpas, o seu próprio sogro.

Teve que entregar também muitos outros, aos quais os romanos cortaram as mãos, costume lusitano, que os romanos não desdenhavam adoptar noutras ocasiões. Enviou a Servílio três emissários, Audax, Ditalkon e Minuros, que Viriato considerava dos seus melhores amigos.



Quem era Viriato ?

Estes foram subornados por Servílio que lhes prometeu honras e dinheiro em troca do assassinato do seu chefe. Estes assim procederam, e o glorioso caudilho foi por eles morto quando se encontrava a dormir na sua tenda.

Sertório

Quinto Sertório mal sucedido como pretor da Hispânia Citerior, cargo que assumiu em 83 AC, refugiou-se na Mauritânia, A convite dos lusitanos regressa à Península Ibérica em 80 AC para os comandar.

Obteve várias vitórias sobre os romanos, mas mesmo contando com com as forças de Perpena e com o apoio de Mítridades, rei de Ponto, Sertório começou a perder terreno quando os generais romanos adoptaram novas estratégias de luta. Considerado o primeiro organizador dos povos hispânicos, morreu assassinado durante um banquete, em Osca, por oficiais liderados por Perpena.

Octavio César Augusto

Augusto
No ano 25 AC , governando já Augusto, a conquista da Hispânia ( Península Ibérica ) pelos romanos, estava terminada. A Hispânia foi dividida em três Províncias; Bética, Hispânia Citerior ou Tarraconense, e Lusitânia. O actual território português caba dentro da Tarraconense até ao rio Douro. Para Sul, entrava nos limites da Lusitânia.

Augusto mandou edificar Augusta Emerita ( Mérida ) e tornou-a capital da Lusitania. A Galiza ao Norte do Douro, tornou-se uma província separada sobe os Antoninos. Nos tempos Romanos a região de Beja e Évora foram um farto celeiro de trigo.

O vale do Tejo foi famoso pelos seus cavalos e quintas, e havia minas importantes no Alentejo. Ruínas romanas notáveis incluem o "Templo de Diana" em Évora e a cidade de Conimbriga (Condeixa-a-Nova ).

Augusta Emerita ( Mérida ) - Capital da Lusitânia

A data provável da fundação da Colónia Augusta Emerita, capital da Lusitânia, é 25 A.C. , depois da conquista de Lancia pelos exércitos romanos na guerra travada contra "cântabros e astures". Foi fundada pelo legado imperial Publio Carisio, por ordem de Augusto, para assentar os legionarios veteranos “veterani legionari”.

Teatro em Mérida
Augusta Emerita era era um enclave estratégico, junto do rio Anas e que punha em comunicação a província da Bética com as do noroeste peninsular e as terras da franja mais meridional da Hispania com o Oeste ( Olisipo ).

A nova colónia organizou-se seguindo os parâmetros romanos de planificação urbana, organização territorial e administrativa, donde se desenvolveu a romanização do extenso território do ocidente peninsular.


Expansão máxima da Lusitania - Para fins judiciais a província da Lusitânia ( 16-15 A.C. )estava dividida em três unidades mais pequenas, chamadas "conventus":

Pacensis (da sua capital Pax Julia) hoje Beja

Scallabitanus ( de Scallabis) hoje Santarém

Emeritensis ( de Emerita, que era a capital de toda a província) hoje Mérida.

Comentário - As marcas dos seis séculos ( desde a chegada de Decimus Julius Brutus a Conimbriga em 139 A.C. e a sua destruição pelos suevos em 468 D.C. ) em que o território que hoje é Portugal, pertenceu às províncias romanas da Hispânia - Lusitânia ( do Douro até ao Algarve ) e Tarraconense, ( do Douro até ao Minho - são imensas.

Poderá no entanto dizer-se dizer-se que o vínculo administrativo da Lusitânia com Roma termina em 411 quando o imperador Honório, após um prolongado período de guerra civil, estabeleceu um pacto com os Alanos concedendo-lhes a Lusitânia.

Templo de Diana em Mérida
Templo de Diana em Évora

Entre 415-417, os Alanos são expulsos pelos Visigodos que impõem o seu domínio no território da Lusitânia a sul do Tejo

Desde o próprio nome do País - Portugal deriva de Portus Cale - Portucale .- à língua - o português actual deriva do latim vulgar falado pelos soldados e colonos romanos e do latim literário utilizado na administração - até às leis e organização administrativa e eclesiástica do país.

Cultura Romana na Lusitania

Ruínas das Termas de Miróbiga
Romanização - Os romanos exerceram grande influência no modo de vida dos povos peninsulares.. A maioria destes povos viviam em castros ou citânias, organizados em tribos e tinham um grau de civilização rudimentar. Com os Romanos, desenvolveu-se o cultivo da vinha, do trigo, da oliveira e árvores de fruto.

Surgiram novas indústrias e desenvolveram-se outras, como a olaria, as forjas, as minas e a salga de peixe. Divulgou-se a língua e a numeração romana. Em resumo, civilizaram-se.

Ruinas de Conimbriga
Também são inúmeras as ruínas de vilas, cidades, monumentos, aquedutos para abastecimento de água, fortificações, estradas e pontes romanas espalhadas por todo o Portugal.

Algumas, como uma antiga cidade romana perto de Óbidos, já descrita por Plínio, só recentemente foram encontradas nas escavações para a construção de uma auto-estrada, quase na entrada do terceiro milénio.

Ruinas de Eburobrittium
Esta cidade romana chamava-se Eburobrittium , e deve ter sido construída e ocupada entre os séculos I A.C. e V D.C. Foi descoberta em 1995 quando da construção da auto-estrada A8.

Na península Ibérica, a romanização ocorreu concomitantemente com a conquista, tendo progredido desde a costa mediterrânica até ao interior e à costa do oceano Atlântico. Para esse processo de aculturação foram determinantes a expansão do latim e a fundação de várias cidades, tendo como agentes, a princípio, os legionários e os comerciantes.

Aquæ Flaviæ (Chaves)

Aquæ Flaviæ designação da cidade romana, actual cidade de Chaves e uma cidade importante na província romana da Galécia, centro administrativo de um vasto território que ia do Douro até às nascentes do Tâmega e dominava a exploração de importantes jazidas de ouro.

A cidade terá sido fundada a partir de uma mansio da via XVII do Itinerário de Antonino que ligava Bracara Augusta(actual Braga) a Asturica Augusta (actual Astorga), tendo-se desenvolvido em torno de um importante balneário termal e centro religioso dedicado às Ninfas.

Vestígios do balneário termal foram recentemente encontrados no Largo do Arrabalde, que demonstram pela sua monumentalidade, a importância deste centro religioso e terapêutico, que terá persistido até aos finais do século IV d.C.
Ponte de Trajano em Chaves
A ponte de Trajano sobre o rio Tâmega é um monumento romano que persiste. Foi construída no final do século I e início do século II d.C. A ponte romana possui um tabuleiro, com 140 mt de comprimento e apoiada em 12 arcos de volta redonda visíveis, e em quatro soterrados pelo casario e aluviões.

A ponte tem no meio duas colunas cilíndricas epigráficas que testemunham ter sido edificada no reinado do imperador Trajano a expensas dos Flavienses. E, é até hoje, o principal símbolo da cidade de Chaves. Quando a vila recebeu o foral de D. Manuel I, a ponte estava representada no brasão de armas.

Do período romano, para além da ponte, foram descobertos numerosos achados arqueológicos. epigráficos e numismáticos.

O fórum da cidade estaria implantado na zona hoje correspondente ao largo de Camões. A actual Rua Direita poderia corresponder, por outro lado ao decumanus.

Miscigenação Romanos com os nativos

Os romanos, ao se miscigenarem com as populações nativas, constituíram famílias, fixando os seus usos e costumes, ao passo que os segundos iam condicionando a vida econômica, em termos de produção e consumo. Embora não se tenha constituído uma sociedade homogênea na península, durante os seis séculos de romanização registraram-se momentos de desenvolvimento mais ou menos acentuado, atenuando, sem dúvida, as diferenças étnicas do primitivo povoamento.

Ponte de Alcântara - Espanha
A língua latina acabou por se impor como língua oficial, funcionando como factor de ligação e de comunicação entre os vários povos. As povoações, até aí predominantemente nas montanhas, passaram a surgir nos vales ou planícies, habitando casas de tijolo cobertas com telha. Como exemplo de cidades que surgiram com os Romanos, temos Braga (Bracara Augusta), Beja (Pax Iulia), Santiago do Cacém (Miróbriga), Conímbriga e Chaves (Aquae Flaviae).

A ponte romana de Alcântara

Estrada Romana
A indústria desenvolveu-se, sobretudo a olaria, as minas, a tecelagem, as pedreiras, o que ajudou a desenvolver também o comércio, surgindo feiras e mercados, com a circulação da moeda e apoiado numa extensa rede viária (as famosas "calçadas romanas", de que ainda há muitos vestígios no presente) que ligava os principais centros de todo o Império.

A influência romana fez-se sentir também na religião e nas manifestações artísticas. Tratou-se, pois, de uma influência profunda, sobretudo a sul, zona primeiramente conquistada. 

Os principais agentes foram os mercenários que vieram para a Península, os grandes contingentes militares romanos aqui acampados, a acção de alguns chefes militares, a imigração de romanos para a Península, a concessão da cidadania romana.

O próprio D. Afonso Henriques, mais de um milénio depois da chegada dos romanos, utilizou a antiga estrada romana e muçulmana que o levou com facilidade para o Sul, distante mais de 200 km do seu castelo de Leiria, até Ourique no Alentejo, no famoso fossado por terras muçulmanas, que ficou conhecido pela batalha de Ourique.

Desde Augusto e até D. Afonso Henriques, o território onde hoje é Portugal foi governado por cerca de:

58 Imperadores Romanos , 37 Reis Visigodos , 23 Príncipes Muçulmanos e 30 Reis de Leão e Castela. No total cerca de 148 governantes em perto de 1.200 anos. Como Nação independente Portugal tem só cerca de 850.

Conímbriga - Condeixa-a-velha

Conímbriga é uma das maiores povoações romanas de que há vestígios em Portugal. Classificada Monumento Nacional, é a estação arqueológica romana mais bem estudada no país. Conímbriga foi à época da Invasão romana da Península Ibérica a principal cidade do Conventus Scallabitanus, província romana da Lusitânia. 

Localiza-se a 16 km de Coimbra, na freguesia de Condeixa-a-Velha, a 2 km de Condeixa-a-Nova. A estação inclui o Museu Monográfico de Conimbriga, onde estão expostos muitos dos artefactos encontrados nas escavações arqueológicas, incluindo moedas e instrumentos cirúrgicos.


Conímbriga - Casa das Fontes ou Repuxos
Conímbriga é uma das raras cidades romanas que conserva a cintura de muralhas, de planta aproximadamente triangular. O tramo Norte-Sul das muralhas divide a cidade em duas zonas. Particularmente notável pela planta e pela riqueza dos mosaicos que a pavimentam, é a grande villa urbana com peristilo central, a Norte da via. Em trabalhos junto à muralha Sul foi descoberto um grande edifício cuja finalidade seriam termas públicas, com as suas divisões caracteristicas.

Muitos estudiosos pretendem que a primitiva ocupação humana de seu sítio remonte a um castro de origem Celta da tribo dos Lusitanos. O que se sabe ao certo, entretanto, é que a campanha de escavações de 1913, encontrou testemunhos da Idade do Ferro, a eles podendo juntar-se peças de pedra e bronze que podem fazer recuar o início da povoação do local. E, nesse caso teriamos que relacionar o povo conii, o que para muitos explica a origem do topónimo actual de Coimbra, com a cultura megalitica da região sul de Portugal.

Conímbriga localizava-se na via que ia de Olisipo (actual Lisboa) a Bracara Augusta (actual Braga). Foi ocupada pelos romanos durante as campanhas de Décimo Junio Bruto, em 139 a.C.. No reinado do imperador César Augusto (século I), a cidade sofreu importantes obras de urbanização, tendo sido construídas as termas públicas e o Forum.

Ruinas de Conímbriga
As referências a seu respeito em fontes literárias antigas são escassas: ao descrever a Lusitânia, a partir do Douro, Caius Plinius Secundus refere a oppida Conimbriga; o Itinerarium de Antonino, menciona-a como estação viária na estrada que liga Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga). Nos finais do século IV, e com o declínio do Império Romano, foi construída uma cintura muralhada de defesa urbana, com cerca de mil e quinhentos metros de extensão, possívelmente para substituir e reforçar a antiga muralha do tempo de Augusto. A maneira um tanto rústica como este muro está construído denota uma certa urgência na sua obra, evidenciando um clima de tensão e de iminentes ataques, por parte dos povos bárbaros.

No contexto das Invasões bárbaras da Península Ibérica, em 464 os Suevos assaltaram a cidade, vindo a destruir parte da muralha em novo assalto, em 468. A partir da vitória dos Visigodos sobre os Suevos, a cidade acabou por perder o seu estatuto de sede episcopal para Aeminium (hoje Coimbra), que possuía melhores condições de defesa, e para onde se transferiu a sede episcopal, embora nos Concílios até ao século VII continue a aparecer o bispo da cidade. Os habitantes que permaneceram, fundaram Condeixa-a-Velha, mais ao Norte.

Aeminium - Eminio o nome romano de Coimbra

Emínio (em latim Aeminium) é uma antiga cidade romana construída onde hoje está a atual cidade portuguesa de Coimbra.

Criptopórtico
Emínio localizava-se junto à estrada romana que ligava Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta(Braga), passando também por Conímbriga, importante cidade situada 20 km ao sul de Emínio. 

Os saqueios de Conímbriga pelos suevos na década de 460 fizeram com que muitos de seus habitantes fugissem para Emínio, o que terminou levando à mudança do nome de Emínio para Coimbra no século VI1 .

Em Emínio conserva-se um criptopórtico, no local onde hoje está implantado o Museu Machado de Castro. Este criptopórtico foi construído em dois andares. No piso superior, uma galeria em forma de II envolve outra do mesmo traçado. 

Em cada braço, três passagens dão acesso de uma a outra galeria, no topo as galerias também comunicam umas com as outras. A construção desta estructura foi a solução encontrada pelos engenheiros romanos para ultrapassar o declive natural do terreno, criando-se uma plataforma artificial onde foi implantado o fórum da cidade.


Bracara Augusta - Fundação (136 a. C. a 14 d. C.)

As primeiras explorações militares ao noroeste da península Ibéricarealizaram-se entre os anos 136 a 138 antes de Cristo (século II a.C.), comandadas pelo cônsul romano D. Junius Brutos. Nessa altura realizou-se uma grande batalha entre romanos e brácaros (povos locais descendentes dosCeltas), provavelmente nas imediações da futura Bracara Augusta. 

Após a conquista definitiva do noroeste peninsular (guerras franco-cantábricas),Augusto (r. 27 a.C.-14 d.C.) ordena a reorganização administrativa. A reorganização consistia principalmente na integração das populações no mundo romano, fundação de cidades, construção de vias e o comércio a nível inter-regional. 

É nesta política que entre o ano 20 a 10 antes de Cristo foi fundada a cidade Bracara Augusta sobre um possível povoado indígena local. A finalidade da fundação foi de carácter religioso e difusão cultural do império sobre os povoados nas proximidades. Também é provável que a cidade desde o início teria funções jurídicas e económicas.

Olisipo Felicitas Iulia (Lisboa)

Lisboa, a capital de Portugal esteve debaixo do domínio romano 614 anos, desde 205 A.C. até 409 D.C. Júlio César deu-lhe a dignidade de de "mucipium" com o nome de Felicitas Julia. Em 409 D.C. foi conquistada pelos Alanos, que foram expulsos pelos Suevos e depois reconquistada pelos Visigodos.

LISBOA ROMANA

A Península Ibérica e, naturalmente, também a sua faixa mais ocidental, onde se inclui Lisboa, já constituía uma região de frequentes contactos com navegadores de origem semita, pelo menos a partir do séc. VIII AC.. No entanto, certos centros urbanos durante o império romano, irão reforçar grandemente a sua importância

A isto não terão sido indiferentes as condições estratégicas e económicas dos locais onde se encontram implantados. Olisipo, junto ao estuário do Tejo teria o melhor porto natural da Hispânia, e fazia parte das designadas cidades marítimas do império romano - "centros populacionais situados junto ao mar, ainda que localizados sobre o curso inferior de rios, integrados com estatuto de cidade na rede urbana romana e desenvolvendo directamente actividades marítimas suficientemente importantes para caracterizarem a sua economia e conferirem uma constituição especial à população local".

A dominação romana, abrange o período compreendido entre o século II A.C. e o século V D.C., e dela encontram-se um número significativo de testemunhos na cidade de Olisipo. Toda esta época está sobretudo documentada na zona da Baixa. Logo no início da romanização esta urbe deterá uma importância estratégica na província da Lusitânia. 

Não é por acaso que a partir de 138 A.C. Décimo Június Brutus, cônsul da Hispânia Ulterior (onde se inseria aquela província), toma Olisipo como ponto de arranque da primeira grande ofensiva. Nesse contexto mandou fortificar a urbe da colina do Castelo, tendo como objectivo controlar toda a faixa atlântica a norte do Tagus e, posteriormente a zona interior. A crescente importância de Felicitas Julia (Olisipo), título atribuído em homenagem a Júlio César, irá justificar-lhe o estatuto de Municipium Civium Romanorum.
Ruinas Teatro Romano - Lisboa

Depois das campanhas de Júnio Brutus, Felicitas Julia já possuía no séc. I A.C., diversas infra estruturas urbanas que denotam a sua crescente importância. 

Os cidadãos da região de Olisipo, cujo termo, a norte e nordeste, passava, respectivamente, próximo de Torres Vedras e de Alenquer, e tinha a sul, como limite a Serra da Arrábida, pertenciam à tribo Galéria, e ultrapassaram em importância política os da própria capital conventual - Scallabis. 

A atestar esta situação encontraram-se numerosas epígrafes dedicadas a Augusto, imperador que deve ter dado o estatuto a Olisipo de Municipium Civium Romanorum. Quase todos os seus habitantes possuiam os tria nomina, o que reforça este significado.

Genericamente, os vestígios da urbe, actualmente conhecidos, distribuem-se pela designada Baixa e encosta do Castelo. Na estrutura olisiponense, contam-se diversos edifícios e infra-estruturas. O porto acompanhava a linha ribeirinha a sul da área urbana da cidade, tendo aparecido vestígios do cais na Rua das Canastras. O porto estendia-se, ainda,ao longo de um braço estreito do rio para o interior, pela actual Baixa até ao Rossio, num traçado que corresponde hoje, pouco mais ou menos, à Rua Augusta. 

Nesta zona ribeirinha está particularmente evidenciada a actividade ligada à indústria conserveira de peixe, para produção do apreciado garum ou liquamen, exportado para as diversas regiões do império romano, onde era usado como condimento. Escavações revelaram estruturas de fábricas a ela ligadas (cetárias): na Casa dos Bicos, na Rua dos Fanqueiros e na Rua Augusta (edifício do BCP e antiga casa do Mandarim Chinês).

Diversas causas naturais e humanas que ocorreram ao longo dos séculos, tornaram difícil ter a percepção da malha urbana de Olisipo da época romana. No entanto, é provável a partir dos testemunhos que subsistem, que a urbe tivesse um traçado ortogonal, que não cobriria toda a zona com a mesma orientação devido à configuração acidentada da cidade.

Os vestígios mais importantes até ao momento encontrados são: as ruínas das Termas dos Cássios, postas a descoberto no quarteirão com edifícios pombalinos da Rua de S. Mamede ao Caldas, tendo sido detectado a zona do tepidarium, área de vestiário, pavimentos, frescos e estatuetas (uma delas dedicada a Vénus); as ditas Termas da Rua da Prata, que serão, muito provavelmente, as estruturas do criptopórtico que sustentava o forum da cidade e que teriam sido utilizadas como armazéns ou conservas de água; o Teatro no cruzamento das ruas de S. Mamede e da Saudade, revelado nos finais do séc. XVIII, e alvo de escavações desde 1965.

Diversos empreendimentos hidráulicos importantes foram edificados pelos romanos a norte e sul do Tejo. Situada em Carenque, cabe destacar a barragem de Olisipo, do séc. III, feita em alvenaria e assim designada por abastecer água a Lisboa. É considerada a mais alta do mundo romano até agora conhecida, o muro tem de dimensões:15,5 metros de comprimento, 7 de espessura e 8 de altura. 

Embora provável, a ligação desta barragem a Olisipo ainda não foi confirmada pois que ainda só se encontrou um pequeno troço do aqueduto na Amadora (1300 metros entre Carenque e o Bairro da Mina). As vias romanas, fundamentais na política de romanização da Península, incluiam duas que partiam de Olisipo: uma ligava a Mérida e outra a Bracara Augusta.

Ossonoba (Milreu-Estoi) - A actual Faro

Ossonoba era o nome romano da actual cidade de Faro. No século III AC., altura em que Cartagineses e Romanos lutavam pelo domínio do Mediterrâneo, Roma invade a Península Ibérica, governando-a até ao século V DC.

Com os Romanos a cidade perde o carácter de entreposto comercial e transforma-se em urbe. A Vila-a-Dentro estrutura-se segundo dois eixos principais (actuais Ruas do Município e do Repouso), ambos de acesso a uma área central, o Forum, onde se implantavam os edifícios administrativos e religiosos mais importantes. De entre eles salienta-se o Templum, cuja localização coincidia, parcialmente, com a da actual Sé, se bem que a uma cota cerca de três metros abaixo.

Pavimento  nas ruínas romanas de Milreu, Estoi (Faro)
A Vila-a-Dentro ocupava então uma área inferior àquela que hoje ocupa e teria sido muralhada sobre o traçado da actual circular interior (Ruas Monsenhor Boto, Rasquinho e antiga Travessa das Freiras).

Pouco a pouco a cidade desenvolve-se e salta para o exterior das muralhas, estabelecendo-se então dois núcleos extramuros: o primeiro, na zona do Lethes-Alagoa-Artistas, acompanhando o traçado dos canais; o segundo, de estrutura linear, sobre o traçado da actual Rua Conselheiro Bivar.

Envolvendo estes núcleos constituiu-se uma vasta zona de construção dispersa, onde se situavam as hortas que abasteciam a cidade, e hoje são descobertos inúmeros vestígios de edificações, estatuária, utensílios vários e túmulos um pouco por toda esta área.

O desenvolvimento da cidade correspondia à intensa actividade comercial que a agricultura, a pesca e a utilização do seu porto proporcionavam. Neste período, Ossónoba atinge grande opulência, tendo sido descrita como uma das mais importantes cidades do Império.

A partir do ano 50 DC., desenvolveu-se na cidade uma importante comunidade cristã que foi determinante na sua caracterização. No ano 300 já era sede de Bispado, cujo Bispo Vicente esteve presente, em Granada, no primeiro Sínodo das Hespanhas.

Durante o século IV, com o declínio do poder imperial de Roma, a civilização do tipo urbano descentraliza-se para as villae, sedes de grandes latifúndios e centros de poder político, económico e religioso. Em Ossónoba adaptam-se templos pagãos a templos cristãos, iniciando-se um processo de cristianização, que culmina com a sua conquista pelos Visigodos, no ano de 414.

A ocupação visigoda não vem introduzir alterações de fundo na estrutura da cidade, já que se trata de um povo cristianizado, voltado para as áreas rurais, o que permitiu a continuação do povoamento urbano pelos Romanos. Nesta altura, Ossónoba adopta o nome de Santa Maria de Ossónoba e é edificada a sua famosa Catedral, igreja a que se refere, posteriormente, o geógrafo Al-Yacute:

"Santa Maria é uma cidade antiga; nela existe uma Igreja da qual disse Ahmed, filho de Omar Alodri, que era um soberbo edifício; as suas magníficas e alvas colunas não têm rival em nenhuma outra parte, quer pelo extraordinário comprimento, quer pela largura e um homem não é capaz de se abraçar a uma delas."

A Mitologia e Religiões romanas

Como sua expansão, o império passou a incluir pessoas de uma variedade de culturas e a adoração de um número cada vez maior de divindades era tolerada e aceita. O governo imperial, e os romanos em geral, tendiam a ser tolerantes com a maioria das religiões e cultos, desde que eles não causassem problemas. 

Panteão dos tempos de Adriano
A liturgia e cerimônias romanas foram frequentemente adaptadas para atender a cultura e a identidade local.

Um indivíduo podia atender a ambos os deuses romanos, representando a sua identidade romana, e sua própria fé pessoal, que era considerada parte da sua identidade pessoal. 

Houve perseguições periódicas de várias religiões em várias épocas, principalmente em relação aos cristãos. 

Como o historiador Edward Gibbon observou, no entanto, a maioria das histórias registradas de perseguições contra os cristãos vieram até hoje através da igreja cristã, que tinha um incentivo para exagerar o grau em que as perseguições ocorreram. 

As fontes não-cristãs contemporâneas apenas mencionam perseguições passageiras e sem atribuir grande importância para elas.

Ceres-Deusa da Terra
A Mitologia romana pode ser dividida em duas partes: a primeira, tardia e mais literária, consiste na quase total apropriação da grega; a segunda, antiga e ritualística, funcionava diferentemente da correlata grega.

O romano, que impregnava a sua vida pelo numen, uma força divina indefinida presente em todas as coisas, estabeleceu com os deuses romanos um respeito escrupuloso pelo rito religioso – o Pax deorum – que consistia muitas vezes em danças, invocações ou sacrifícios.

Ao lado dos deuses domésticos, os romanos possuíam diversas tríades divinas, adaptadas várias vezes ao longo das várias fases da história.

Assim, à tríade primitiva constituída por Júpiter (senhor do Universo), Marte (deus da guerra) e Quirino (o rei Rômulo, mitológico fundador de Roma), os etruscos inseriram o culto das deusas Minerva (deusa da inteligência e sabedoria) e Juno (rainha do céu e esposa de Júpiter).

Com a república surge Ceres (deusa da Terra e dos cereais), Líber e Libera. Mais tarde, a influência grega inseria uma adaptação para o panteão romano do seu deus do comércio e da eloquência (Mercúrio) sob as feições de Hermes, e o deus do vinho (Baco), como Dionísio.

A Bíblia

Bíblia  é o texto religioso de valor sagrado para o Cristianismo , em que a interpretação religiosa do motivo da existência do homem na Terra sob a perspectiva judaica é narrada por humanos. É considerada pela Igreja como divinamente inspirada , sendo que trata-se de um documento doutrinário originalmente compilado pela Igreja Católica para orientação de suas doutrinas. 

Segundo a tradição, aceita pela maioria dos cristãos, a Bíblia foi escrita por 40 autores, entre 1445 e 450 a.C. (livros do Antigo Testamento) e 45 e 90 d.C. (livros do Novo Testamento), totalizando um período de quase 1600 anos. 
Bíblia Judaica

A maioria doshistoriadores acreditam que a data dos primeiros escritos considerados sagrados é bem mais recente: por exemplo, enquanto a tradição cristã coloca Moisés como o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia (Pentateuco), muitos estudiosos aceitam que foram compilados pela primeira vez apenas após o exílio babilônico, a partir de outros textos datados entre o décimo e o quarto século antes de Cristo. 

Muitos estudiosos também afirmam que ela foi escrita por dezenas de pessoas oriundas de diferentes regiões e nações.

Segundo uma interpretação literal do Gênesis (primeiro livro da Bíblia), o homem foicriado por Deus a partir do pó, após os céus e a terra, há oito mil anos, e ganhou a vida após Deus soprar o fôlego da vida em suas narinas.

É o livro mais vendido de todos os tempos com mais de 6 bilhões de cópias em todo o mundo, uma quantidade 7 vezes maior que o número de cópias do 2º colocado da Lista dos 21 Livros Mais Vendidos, O Livro Vermelho.

Nascimento de Jesus Cristo (Ano 38 ou 34 da Era de César )

Diz o Evangelho de São Lucas:

"Naqueles dias, César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano. Este foi o primeiro recenseamento feito quando Quirino era governador da Síria.

E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se.Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galileia para a Judeia, para Belém, cidade de David, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi.

Presépio no Santuário de Fátima
Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho. Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogénito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria."

Segundo Flavio Josefo, historiador judeu ao serviço de Roma, Públio Sulpício Quirino (51AC-21 d.C.) foi um aristocrata romano. que após a expulsão do tetrarca Herodes Arquelau da tetrarquia da Judéia no ano 6 DC, Quirino foi nomeado governador embaixador da Síria, à qual a província de Iudaea tinha sido adicionada para efeitos de recenseamento.

Ver Nascimento de Cristo

O Cristianismo

Cristianismo é uma religião abraâmica monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são apresentados no Novo Testamento. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus,Salvador e Senhor. A religião cristã tem três vertentes principais: o Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (separada do catolicismo em 1054 após o Grande Cisma do Oriente) e o protestantismo(que surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI). O protestantismo é dividido em grupos menores chamados de denominações. 

Os cristãos acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus que se tornou homem e o Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do mundo. Geralmente, os cristãos se referem a Jesus como o Cristo ou o Messias.

O Sermão da Montanha por Carl Bloch, 1890.
Os seguidores do cristianismo, conhecidos como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias  profetizado na Bíblia Hebraica (a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao judaísmo). A teologia cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e ressuscitado para abrir o caminho para o céu aos humanos. 

Os cristãos acreditam que Jesus teria ascendido aos céus, e a maior parte das denominações ensina que Jesus irá retornar para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos, e conceder a imortalidade aos seus seguidores. 

Jesus também é considerado para os cristãos como modelo de uma vida virtuosa, e tanto como o revelador quanto a encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho ("Boas Novas"), e por isto referem-se aos primeiros relatos de seu ministério como evangelhos.

O cristianismo se iniciou como uma seita judaica  e, como tal, da mesma maneira que o próprio judaísmo ou o islamismo, é classificada como uma religião abraâmica (ver também judaico-cristão).  Após se originar no Mediterrâneo Oriental, rapidamente se expandiu em abrangência e influência, ao longo de poucas décadas; no século IV já havia se tornado a religião dominante no Império Romano. Durante a Idade Média a maior parte da Europa foi cristianizada, e os cristãos também seguiram sendo uma significante minoria religiosa no Oriente Médio, Norte da África e em partes da Índia. Depois da Era das Descobertas, através detrabalho missionário e da colonização, o cristianismo se espalhou para as Américas e pelo resto do mundo.

O cristianismo desempenhou um papel de destaque na formação da civilização ocidental pelo menos desde o século IV. No início do século XXI o cristianismo conta com entre 2,3 bilhões de fiéis,representando cerca de um quarto a um terço da população mundial, e é uma das maiores religiões do mundo. O cristianismo também é a religião de Estado de diversos países.

Cristianismo no Império Romano

Durante o século III, com o relaxamento da intolerância aos cristãos, a Igreja havia conseguido muitos donativos e bens  . Porém com o fortalecimento da perseguição pelo imperador Diocleciano, esses bens foram confiscados. Posteriormente com a derrota de Diocleciano e a ascensão do imperador romano Constantino, o cristianismo foi legalizado pelo Édito de Milão de 313, e os bens da Igreja devolvidos.

A questão da conversão de Constantino ao Cristianismo é uma tema de profundo debate entre os historiadores, mas em geral aceita-se que a sua conversão ocorreu gradualmente. Como maneira de fazer penitência , Constantino ordenou a construção de diversas basílicas e outros templos e as doou à Igreja . 


  Propagação do cristianismo em 325 d.C.
  Propagação do cristianismo em 600 d.C

Dentre elas, uma basílica em Roma no local onde, segundo a Tradição, o apóstolo Pedro estava sepultado e, influenciado pela sua mãe, a imperatriz Helena, ordena a construção em Jerusalém da Basílica do Santo Sepulcro e da Basílica da Natividade em Belém.

Para evitar mais divisões na Igreja, Constantino convocou o Primeiro Concílio de Niceia em , onde se definiu o Credo Niceno, uma manifestação mínima da crença partilhada pelos bispos cristãos.

Basílica Santo Sepulcro - Jerusalem
Mais tarde, nos anos de 391 e 392, o imperador Teodósio I combate o paganismo, proibindo o seu culto e proclamando o cristianismo religião oficial do Império Romano.

Moeda na Lusitania Romana

Denário, 136 a.C.. De um lado, a cabeça com capacete da deusa Dea Roma. De outro lado, os Dióscuros.
Áureo de Tibério. Características: 19mm, 7.55 g. Cunhada em Lyon . Mostra no verso a inscrição PONTIF MAXIM(pontifex maximus) e Lívia Drusa como Pax, segurando um cetro e um ramo de oliveira.
Soldo de Arcádio
Denário 136 AC
As moedas romanas, em circulação durante a maior parte da República e do Império Romano do Ocidente, incluíam o áureo (aureus, em latim), de ouro; o denário (denarius), de prata; o sestércio (sestertius), de bronze; o dupôndio (dupondius), de bronze; e o asse (as), de cobre. Estas denominações foram utilizadas de meados do século II a.C. até meados do século III d.C..
Aureo de Tibério 7.55 g
Durante o século III d.C., o denário foi substituído pelo denário duplo, também conhecido como antoniniano (antoninianus), o qual, por sua vez, foi extinto pela reforma monetária de Diocleciano, que criou denominações tais como o argento (argenteus, "de prata") e o follis(bronze prateado). Após as reformas, as moedas em circulação passaram a ser, basicamente, o soldo (solidus), de ouro, e algumas denominações menores de bronze, até o fim do Império Romano do Ocidente. A única moeda de prata cunhada foi a Miliarense.

A autoridade para cunhar moeda pertencia, primordialmente, ao governo central em Roma, que emitia moedas de metal precioso. As províncias romanas podiam cunhar moedas de bronze (de menor valor, portanto). Algumas províncias orientais cunhavam moedas de prata, mas apenas para circular em seu território e para atender uma necessidade local.

O conteúdo de metal precioso nas moedas romanas variou ao longo da história, geralmente para baixo. O mesmo ocorreu com o valor corrente da moeda.

Soldo de Arcádio
O áureo, que, devido ao seu alto valor, funcionava mais como unidade de conta do que como moeda de troca, valia 25 denários.

1 áureo = 25 denários
1 denário = 5 dupôndios
1 dupôndio = 2 asses
1 sestércio = 4 asses

Estima-se que, por volta do fim da república e do início do principado, um denário equivalia ao salário diário de um trabalhador. Um denário valia 5 dupôndios ou 10 asses (em 118 a.C., o valor do denário foi reajustado para 16 asses). Um dupôndio valia 2 asses; 1 sestércio, 4 asses. Sabe-se que durante o século I d.C., um asse comprava o equivalente a meio quilo de pão ou um litro de vinho barato.

O Cristianismo chegou à Lusitânia no século III e à Galiza somente no século IV onde os ensinamentos heréticos e ascéticos de Gaul Priscillian, bispo de origem belga, foram mais influentes e retardaram a sua penetração.


Esculturas Romanas



Informação obtida a partir do site do Museu Nacional de Arqueologia em Belém nos Jerónimos, Lisboa 

Esquerda - Busto de Dionísio proveniência: Milreu. Faro cronologia: Época Romana. Séc. II d.C. Adriano tipologia: Busto em mármore branco dimensão: altura 24,8 cm largura 18,5 cm espessura 10,5 cm categoria: Escultura

Centro - Cabeça de Ninfa proveniência: Desconhecida cronologia: Época Romana. Séc. II d.C.
tipologia: Cabeça em mármore branco dimensão: altura 17,8 cm largura 16,5 cm espessura 18,5 cm categoria: Escultura

Direita Cabeça de Endovélico proveniência: São Miguel da Mota. Alandroal cronologia: Época Romana. Séc. I d.C. tipologia: Cabeça em mármore branco dimensão: altura 30,5 cm largura 22,5 cm espessura 18,5 cm categoria: Escultura

A rede viária: um equipamento comercial

À medida que se expandiu o Império, a administração adaptou o mesmo esquema nas novas províncias. No seu apogeu, a rede viária romana principal atingiu, tendo em conta vias secundárias de menor qualidade, cerca de 150.000 quilômetros. Os comerciantes romanos viram logo o interesse desses eixos viários. Distintamente de outras civilizações mediterrânicas que fundaram o seu desenvolvimento comercial quase unicamente a partir dos seus portos, os romanos utilizaram a sua rede de estradas em paralelo com a sua frota comercial. 

Isto favoreceu os intercâmbios no interior continental, provocando uma expansão mercantil fulgurante. Regiões inteiras especializaram-se e comerciaram entre si (vinhos e azeite na Hispânia, cereais na Numídia, cerâmicas e carnes na Gália, por exemplo). Note-se que extensão e funcionalidade desta rede de estradas perdurou muito para lá do fim do império, seja com muitas estradas actuais seguindo o traçado romano ou até em ditados populares como " quem tem boca vai a Roma" ou "todos os caminhos vão dar a Roma".

Construção das estradas

Esquema da construção:

Estrutura das estradas romana
Os romanos notabilizaram-se acima de tudo como grandes engenheiros preocupados com as condições de vida, construindo sofisticadas infra-estruturas como canalizações, aquedutos e as estradas. Estas obras estenderam-se por todo o Império, e grande parte do seu sucesso e divulgação deveu-se à extensa rede viária.

Apesar de não oferecer o conforto do asfalto dos dias de hoje, pois as rochas de basalto não proporcionavam grande continuidade e suavidade ao terreno, a verdade é que essas rochas encontram-se ainda bem fixadas nos percursos, 2000 anos depois. Isto deve-se, provavelmente, à técnica de preparação do terreno, em que eram colocadas várias camadas de materiais para assegurar a sua estabilidade e, só no final, o revestimento, com as rochas.

A nomenclatura das estradas explica-se de três formas distintas:

As mais importantes herdavam os nomes dos cônsules responsáveis pela sua implementação (as designadas estradas consulares): Cássia, Flamínia, Ápia, Aurélia;

Carro de viagem romano - reconstrução
As estradas locais herdavam os nomes da localidade a que se dirigiam: Nomentana, Tiburtina, Tuscolana, Ardeatina, Ostiense,Portuense; por fim, as estradas que tinham fins particulares, eram baptizadas de acordo com a sua utilização: Salária, Trionfa

Vias Romanas na Hispania



As principais Vias Romanas da HISPANIA eram: 

( I ) - VIA AUGUSTA

( II ) - EMERITA CAESAR AUGUSTAM

( III ) - ASTURICA TARRACONEM

( IV ) - EMERITA ASTURICAM

Como se poderá verificar pelo mapa das estradas romanas da Hispania, que se mostra em cima, os romanos tinham uma rede impressionante de vias de comunicação, que ainda hoje causa admiração passados mais de 2.000 anos. Estradas e pontes, como a ponte de Alcântara na actual Espanha, de grande qualidade técnica e com uma duração que parece quási eterna. 

Via Augusta vinha desde as Gálias, entrava por Iuncaria, Barcino, Tarraco, Dertosa, Sagunto, Saltigis, Lucentum, Laminium, Mariana, Caxtulo, Corduba, Astigis, Hispalis e terminava em Gades. Desde Gades havia uma derivação para Ossoba e Ossonoba. 

Via Emerita Caesar Augustam, vinha desde Caesaraugusta, passava por Segovia, Tiltucia, Toletum e terminava em Emerita Augusta. Tinha derivações em Emerita para Scalabis, com um desvio para Evora. Desde Evora havia derivações para Salapo e Pax Julia, e desde aqui para Ossonoba, no actual Algarve. Desde Salapo a estrada romana seguia para Olisipo, e daqui seguia para Scalabis, Aeminium até Portus Cale. 

 A Via Asturica Tarraconem saía de Tarraco, seguia até CaesarAugusta, Uxania, seguia até Gemina onde estava estacionada a VII Legião ( actual Leon ), Asturica Augusta e continuava por Aquae Flavia ( Chaves ) até Bracara Augusta ( Braga ). 

Via Emerita Asturicam vinha de Brigatium ate Hispalis onde parecia entrocar com a Via Augusta. Passava por Asturica Augusta, Sarmanca, Salmantica, Capera, Norba, Emerita Augusta e Hispalis. Havia também uma via de ligação de Bracara até Norba que atravessava parte do norte e centro de Portugal, passando por Veseo e Egitania. 

 A Hispânia Romana estava dividida ( nos tempos de Augusto ) em três Províncias: 

Lusitania - Com capital em Emerita Augusta ( Mérida ) e mais dois "Conventus Iuridicus" Pax Julia ( Beja ) e Scalabis ( Santarem ). 

Betica - Com capital em Corduba e mais três "Conventus Iuridicus" Astigi, Hispalis e Gades. 

Tarraconense - Com capital em Tarraco e mais seis "Conventu Iuridicus" Cartago Nova, Caesar Augusta, Clunia, Austurica Augusta, Lucus e Bracara ( Braga ).

( Condensado da História de Espanha por Fernando G. de Cortázar e José Manuel G. Vesga )

Scallabis Iulium Praesidium - Santarém
Sede do Coventus Scallabitanus

As primeiras datas de ocupação humana estão documentadas desde o século VIII AC .  Há evidência de comércio também com os fenícios , devido à sua localização como um posto comercial no rio Tejo.

Os romanos chegaram a esta região em 138 aC, e estabeleceram-se dentro da cidade, em seguida, que dá pelo nome de Scallabis , e limita-se à área fortificada conhecida atualmente como Alcáçova de Santarém.  A designação dos romanos foi de " Scallabis Iulium Praesidium " , Dado por Júlio César em 61 AC, com a instalação de um acampamento militar junto às fortificações anteriores.  A maioria dos cidadãos era então inscrita no "sergian roman gens" .

Organização administrativa da Hispania nos tempos de Augusto 27 BC
A cidade tornou-se um dos centros administrativos mais importantes da província Lusitânia no1º século AD, como chefe de uma "Conventus iuridicus"  , "Conventus Scallabitanus" que incluia as cidades:  Como Olisipo , Seilium e Conimbriga.  Estava ligada por estradas importantes a Olisipo , Bracara Augusta e foi o lugar de uma passagem através do rio Tejo.

Com as invasões dos Alanos e dos Vandalos , a cidade ficou conhecida como " Sancta Irene" , a raiz do nome atual " Santarém " .

Liberalitas Iulia (Évora)

Ebora é o nome pelo qual era conhecida na época romana a actual cidade portuguesa de Évora, no Alentejo. Por ter se mantido fiel a Júlio César nas guerras civis, recebeu como recompensa o título honorífico de Liberalitas Julia. É possível, ainda que não confirmado arqueologicamente, que a cidade tenha sua origem num povoado fortificado pré-romano (oppidum). 

O mais importante testemunho da Ebora romana é o Templo romano de Évora: sobre um pódio rectangular, com soco e simalha de cantaria de granito, erguem-se as colunas coríntias, com bases e capitéis de mármore de Estremoz e fustes de granito, que formavam um templo hexastilo períptero. É muito provável que o templo tenha sido dedicado ao culto do imperador na época de Augusto.
Templo de Diana em Évora
Além do templo, outros vestígios romanos são restos de banhos públicos escavados no interior do edifício da Câmara Municipal da cidade e vários lanços da antiga muralha romana, construída para defender a cidade no final da Antiguidade. Essa cerca foi a base da muralha moura e só foi superada no século XIV, com a construção de uma muralha de perímetro mais amplo.

Um outro monumento importante, referido pelo humanista eborense André de Resende, foi um arco de triunfo de rara beleza, ornado de quatro estátuas e de muitas colunas que foi demolido em 1570, para deixar livre a fachada da Igreja de Santo Antão, na Praça do Giraldo. Além dos monumentos públicos, havia também os privados, como o relevo de mármore representando uma dançarina (século II a.C.) e dois monumentos funerários de mármore, ornados de esculturas.

Pax Iulia - Beja -Sede do Conventus Pacencis

Pax Julia era o nome da cidade de Beja, Portugal, no tempo da dominação romana da Península Ibérica. Pensa-se que a povoação seria já muito antiga, talvez mesmo existente nos últimos períodos pré-históricos. A avaliar pelos achados arqueológicos do seu termo, Pax Julia teria sido uma importante cidade durante a romanização do território onde hoje existe Portugal.

Foi baptizada com este nome para celebrar a pacificação do povo dos célticos, mais tarde integrados no território da província romana da Lusitânia. O nome Júlia deve-se ao facto de ter sido Júlio César o autor dessa mesma paz. De igual modo, o imperador Augusto denominou esta importante cidade Pax Augusta, prevalecendo no entanto a denominação inicial.

Crê-se que a cidade foi fundada cerca de 400 anos a. C., pelos celtas, especificamente pelo povo dos célticos, um povo celta que habitava grande parte dos territórios de Portugal a sul do rio Tejo (atual Alentejo e Península de Setúbal), e também parte da Estremadura Espanhola, até ao território dos cónios (atual Algarve e parte do sul do distrito de Beja). 


Arco Romano
Os cartagineses lá se estabeleceram durante algum tempo, no século III a.C., um pouco antes da sua derrota e expulsão da Península Ibérica pelos romanos no seguimento da segunda guerra púnica. As primeiras referências a esta cidade aparecem no século II a.C., em relatos de Políbio e de Ptolomeu.

Com a conquista romana, esta cidade passa a fazer parte do Império Romano (mais especificamente da República Romana), ao qual pertenceu durante mais de 600 anos, primeiro na província da Hispânia Ulterior e posteriormente na província da Lusitânia.

Nos séculos III e II a.C. houve o processo de romanização das populações locais e esta cidade passou a fazer parte da civilização romana, pertencendo a uma região muito romanizada.

Foi sede de um conventus (circunscrição jurídica) pouco depois da sua fundação - o Convento Pacense (em latim: Conventus Pacensis) e teve direito itálico. Esta cidade albergou uma das quatro chancelarias da Lusitânia, criadas no tempo de Augusto. A sua importância é atestada pelo facto de por lá passar uma das vias romanas.

Judeus na Hispânia Romana

A conquista da Lusitânia pelo Império Romano e a posterior destruição de Jerusalém em 70 d.C., que obrigou os judeus a se dispersarem pelo mundo ("Diáspora judaica"), fez com que um grande contingente de hebreus buscassem um novo lar na Península Ibérica (ou para ali fossem deportados, como ocorreu no tempo do imperador Adriano). 

Expulsão dos judeus de Jerusalém por
 Adriano, 135 d.C.
Embora não se saiba exatamente quando se iniciou tal movimento migratório, a presença de judeus no território que futuramente constituiria Portugal pode ser comprovada a partir do século VI d.C., pela descoberta de inscrições funerárias na freguesia de Lagos da Beira.

Com o advento do Cristianismo, leis discriminatórias contra os judeus começaram a ser aprovadas - primeiro, pelos romanos, e depois pelos bárbaros Visigodos que invadiram a península em 409 d.C.. 

Entre outras coisas, foram proibidos os casamentos mistos entre judeus e cristãos e até mesmo instituída uma conversão forçada ao cristianismo (a qual não parece ter surtido grande efeito, visto que outras conversões em massa foram realizadas ao longo da História).

Em 711 d.C., tropas mouras invadem a Península Ibérica e derrotam os visigodos. Os mouros foram encarados como libertadores pelos judeus, uma visão até certo ponto correta, visto que cristãos, judeus e sabeus (uma categoria nebulosa que incluía os hindus, por exemplo), eram incluídos pelos muçulmanos no grupo dos "Povos do Livro" (Bíblia, Torá etc). Os indivíduos que professavam tais crenças podiam continuar a praticá-las sob domínio islâmico, desde que pagassem uma taxa (a jizya) aos governantes e respeitassem as leis islâmicas.

Economia na Lusitânia Romana

Preservação romana de peixes
O território de riquezas minerais fez uma importante região estratégica durante a idade precoce de metal e um dos primeiros objectivos dos romanos, quando invadem a península foi para acessar as minas perto de Nova Cartago. Após a Segunda Guerra Púnica, a partir de 29 A.C. a 411 D.C., Roma governou a Península Ibérica, a expansão e diversificação da economia e ampliar o comércio com o Império Romano.

Os povos indígenas pagam tributo a Roma através de uma intrincada teia de alianças e lealdades. A economia experimentou uma expansão maior produção, a beneficiar de algumas das melhores terras agrícolas sob a hegemonia romana e alimentada por estradas, rotas de comércio e a cunhagem das moedas, o que facilitou as transações comerciais.

A Lusitânia desenvolvida, impulsionado por uma intensa indústria de mineração; campos explorados incluiu a Aljustrel (Vipasca),São Domingos e Riotinto na Faixa Piritosa Ibérica que se estendia para Sevilha e continha cobre, prata e ouro. Todas as minas pertenciam ao Senado Romano e foram operados por escravos.

A agricultura de subsistência foi substituída por grandes unidades de exploração (vilas romanas), a produzir azeite, cereais e vinho, a criação de gado. Esta actividade agrícola foi localizada principalmente na região ao sul do Rio Tejo, a terceira maior área produtora de grãos no Império Romano.

Houve também o desenvolvimento de atividade pesqueira, a produzir o valorizado garum ouliquamen, um condimento obtido a partir da maceração de peixe, de preferéncia atum e cavala, exportadas para todo o império inteiro. 
Anforas romanas para transporte vinho e azeite
O mais famoso foi fabricado em Cádiz (na Espanha moderna) e os maiores produtores de todo o Império Romano foi em Península de Tróia, perto da moderna Setúbal, ao sul de Lisboa. Restos de fábricas de garum mostram um acentuado crescimento da indústria de conservas em Portugal, principalmente na costa do Algarve, mas também na Póvoa de Varzim, Angeiras (Matosinhos) e no estuário do Rio Sado, que fez dela uma das mais importantes centros de conservas na Hispânia.

Ao mesmo tempo, as indústrias especializadas também desenvolvidas. A salga de peixe e conservas, por sua vez exigiu o desenvolvimento de sal, construção naval e indústrias de cerâmica, para facilitar o fabrico de ânforas e outros recipientes que permitiu o armazenamento e transporte de commodities como o óleo, vinho, cereais e compotas.


Cidades romanas na Lusitania

Bracara Augusta (Braga)
Aquæ Flaviæ (Chaves)
Portucale-Castrum Novum (Porto)
Aeminium (Coimbra)
Interamniense-Viseo – Viseu
Tongóbriga - Lugar do Freixo.
Conímbriga, perto de Coimbra.
Olisipo Felicitas Julia (Lisboa).
Scallabis (Santarém).
Ammaia, no Parque Natural de São Mamede.
Sellium (Tomar)
Bobadela — Oliveira do Hospital.
Sul
Egitânia – Idanha-a-velha
Cetóbriga (Setúbal)
Tróia e as suas fábricas de peixe.
Salatia (Alcácer do Sal)
Sines e a Ilha do Pessegueiro.
Miróbriga, na periferia de Santiago do Cacém.
Eburobrittium (Óbidos)
Pax Julia (=Beja).
Ebora Liberalitas Julia (=Évora).
Myrtillis (=Mértola), no Baixo Alentejo.
Ossónoba (=Faro), no Algarve.
Balsa, perto de Tavira no Algarve.
Lacóbriga (Lagos), no Algarve.
Baesuris (Castro Marim)

Nota - Para uma informação bastante detalhada deste período histórico, leia-se História de Portugal - edição monumental - pelo professor Damião Peres.


Imperadores da Lusitânia Romana ( 27 AC - 411 DC )
27BC-14DC
Augusto ( Gaius Julius Caesar Octavianus ou mais tarde Augustus ou Caesar Augustus ) Foi Augusto que ordenou o recenseamento que provocou o nascimento de Cristo em Belém.
14 - 37
Tiberio ( Tiberius Caesar Augustus ) Foi durante o mandado de Tibério que Pôncio Pilatos, governador da Judeia, presidiu ao julgamento de Cristo e ordenou a sua crucificação no monte Golgota ou Calvário. ( AD 30 )
37 - 41
Caligula ( Gaius Caesar Augustus Germanicus )
41 - 54
Claudio ( Tiberius Claudius Caesar Augustus Germanicus )
54 - 68
Nero ( Nero Claudius Caesar Augustus Germanicus )
68 - 69
Galba ( Servius Galba Caesar Augustus )
69
Otho ( Marcus Otho Caesar Augustus )
69
Vitelio ( Aulus Vitellius Germanicus )
69 - 79
Vespasiano ( Caesar Vespasianus Augustus )
79 - 81
Tito ( Titus Vespasianus Augustus )
81 - 96
Domiciano ( Caesar Domitianus Augustus )
96 - 98
Nerva ( Nerva Caesar Augustus )
98 - 117
Trajano ( Caesar Nerva Traianus Augustus )
117 - 138
Adriano ( Caesar Traianus Hadrianus Augustus )
138 - 161
Antonino Pio ( Caesar Titus Aelius Hadrianus Antoninus Augustus Pius )
161 - 180
Marco Aurélio ( Marcus Aurelius Antoninus )
180 - 192
Cómodo ( Lucio Aelius Aurelius Commodus )
193
Pertinax ( Publius Helvius Pertinax )
193
Dídio Juliano ( Marcus Didius Severus Julianus )
193 - 211
Séptimo Severo ( Lucius Septimius Severus Pertinax )
211 - 217
Caracalla ( Marcus Aurelius SEverus Antoninus )
211 - 212
Geta ( Publius Septimius Geta )
217 - 218
Macrinus ( Marcus Opellius Severus Macrinus )
218 - 222
Elagabus (Sacerdos dei invicti solis Elagabali Marcus Aurelius Antoninus )
222 - 235
Severo Alexandre ( Marcus Aurelius Severius Alexander )
235-238
Maximinus ( Marcus Clodius Pupienus Maximus )
238
Gordian I ( Marcus Antonius Gordianus Sempronianus Romanus Africanus )
238
Gordian II ( Marcus Antonius Gordianus Sempronianus Romanus  Africanus )
238
Maximo ( Marcus Clodius Pupienis Maximus )
238
Balbinus ( Decius Caelius Calvinus Balbinus )
238
Pupienus  
238 - 244
Gordian III ( Marcus Antonius Gordianus )
244 - 249
Filipe  
249 - 251
Décio ( Galus Messius Quintus Tranus Decius )
251
Hostilian ( Galius Valens Hostilianus Messius Quintus )
251 - 253
Trebonianus ( Gaius Vibius Trebonianus Gallus )
253
Aemilianus ( Marcus Aemilius Aemilianus )
253 - 260
Valerianus ( Publius Licinius Vallerianus )
253 - 268
Galienus ( Publius Licinius Egnatius gallienus )
268 - 270
Claudio Gótico ( Marcus Aurelius Valerius Claudius ) 
270 - 275
Aurélio ( Lucius Domitius Aurelianus )
275 - 276
Tácito ( Marcus Claudius Tacitus )
276
Floriano ( Marcus Annus Florianus )
276 - 282
Probus ( Marcus Aurelius Probus )
282 - 283
Carus ( Marcus Aurelius Carus )
283 - 285
Carinus ( Marcus Aurelius Carinus )
283 - 284
Numerianus ( Marcus Aurelius Numerius Numerianus )
284 - 305
Diocleciano ( Gaius Aurelius Valerius Diocletianus ) 
286 - 305
Maximiano ( Marcus Aurelius Valerius Maximianus )
292 - 306
Constantius ( Flavius Valerius Maximianus )
293 - 311
Galerius ( Gaius Galerius Valerius Maximianus )  
311 - 323
Licínio ( Valerius Lucianus Licinius )
306 - 337
Constantino I ( Flavius Valerius Constantinus ). Constantino foi o primeiro imperador romano a professar o Cristianismo, e iniciar a evolução do Império para um Estado Cristâo.
337 - 340
Constantino II ( Flavius Claudius ou Julius Constantinus )
337 - 350
Constans I ( Flavius Julius Constan )
337 - 361
Constantius II ( Flavius Julius ou Valerius Constantius )
350 - 353
Magnentius ( Flavius Magnus Magnentius )
360-363
Juliano o Apóstata ( Flavius Claudius Julianus )
364-375
Valentiano I ( Flavius Valentianus )
364-378
Valente ( Flavius Valens )
378-395
Teodósio I ( Flavius Theodosius ) Em 395 torna o Cristianismo a Religião oficial do Império Romano
395-423
Honório * - até 411 - ( Flavius Honorius )
* Honório entrega o governo da Lusitânia aos alanos em 411, e aqui termina o vínculo com Roma. Seguiu-se a descrição da Enciclopédia Br


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