segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A figura de Viriato

Quem era Viriato?

Viriato é citado por Diodoro ( XXXIII ) que diz que Viriato "nascera na Lusitânia, cerca do Oceano", talvez na região de Estremadura, entre o Tejo e o Douro, e, como pastor que era, filho da montanha, possivelmente oriundo da Serra da Estrela ( Mons Herminius ). Dizem os seus antigos biógrafos, como Orósio, Diodoro, Lívio e outros, que Viriato, na sua mocidade, apascentara rebanhos e fora caçador,

Em seguida fizera-se bandoleiro; depois, mais audaz que outros, foi capitão de ladrões de estrada, cujo bando praticava, simultânemante com outros bandos semelhantes, frequentes assaltos, saqueando os povoados das regiões mais ricas das planícies do Sul; e finalmente, como chefe do exército lusitano, fora o terror dos Romanos.

Lucílio chamou-lhe o "Aníbal bárbaro", igualando o seu génio militar ao do grande general cartaginês. A sua estratégia foi a luta de guerrilhas muito popular com os guerreiros hispanos, mas usada por Viriato não já só para a defensiva, como também para o ataque.


O Aparecimento de Viriato

Viriato aparece na História, quando em 147 AC se opôe a rendição dos lusitanos a Caio Vetílio, que os tinha cercado no vale de Betis , na Turdetânia. Viriato lembra aos seus companheiro a traição anterior de Galba, em que mais de 30.000 lusitanos foram assassinados, homens , mulheres e crianças e outros foram vendidos como escravos nas Gálias.

Demonstrou-lhes que os romanos eram inimigos falsos, sem palavra e que já os haviam atraiçoado miseravelmente, conseguindo assim convencê-los, e é eleito chefe.


Derrota os romanos no desfiladeiro de Ronda, que separa a planície do Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia, fazendo nas fileiras inimigas uma espantosa chacina, tendo sido morto o próprio Vetílio. Seguidamente os lusitanos destroçam as tropas de Cayo Pláucio, tomando Segóbriga e as de Cláudio Unimano, que em 146 AC era o governador da Hispânia Citerior. Em 145 AC os lusitanos voltam a derrotar as tropas romanas de Caio Nígidio.

Em 145 AC Quinto Fábio Máximo, irmão de Cipião "O Africano" é nomeado cônsul na Hispania Citerior e é encarregado da campanha contra Viriato ao comando de duas legiôes. Ao princípio tem algum êxito mas Viriato recupera e em 143-142 AC volta a derrotar os romanos em Baecula e obriga-os a refugiar-se em Córdova.


Simultaneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas revoltavam-se contra as prepotências romanas, acendendo uma luta que só terminaria em 133 AC com a queda de Numância.


Em 140 AC Viriato derrota o novo cônsul Fábio Máximo Servilliano, matando mais de 3.000 romanos, encurralando o inimigo e podendo destroçá-lo, mas deixou Servilliano libertar-se da posição desastrosa em que se encontrava, em troca de promessas e garantias de os Lusitanos conservarem o território que haviam conquistado. Em Roma esse tratado de paz foi depois considerado humilhante e vexatório e o Senado romano volta atrás, e declara-lhe guerra.

Viriato tinha agora um exército desfalcado e fatigado das lutas. Apagava-se a sua estrela. O novo governador Quinto Servílio Cipião reforçado com tropas de Popílio Lenas, dispunha de forças muito superiores. Viriato foi compelido a pedir a paz, tendo que entregar aos romanos os principais revoltosos. Enviou a Servílio três emissários, Audax, Ditalkon e Minuros, que Viriato considerava dos seus melhores amigos.

Morte de Viriato em 140 AC assassinado por Audax, Ditalkon e Minuros

Estes foram subornados por Servílio que lhes prometeu honras e dinheiro em troca do assassinato do seu chefe. Estes assim procederam, e o glorioso caudilho foi por eles morto quando se encontrava a dormir na sua tenda.


Segue-se - Bárbaros e Muçulmanos -

Quem eram os Lusitanos?

Origem dos Lusitanos

Hoje é simples, lusitano é sinónimo de português e denomina todo aquele que seja cidadão de Portugal.

Mas esclarecer a origem dos lusitanos, que viviam há 2.300 anos na Hispânia ou Península Ibérica, parece não ser tarefa fácil.

 
A.H. de Oliveira Marques diz na sua História de Portugal, que quando os romanos conquistaram e civilizaram a Península Ibérica para sempre ( século II AC até século I) encontraram vários povos indígenas, entre os quais os Lusitani e os Celti que não tinham grande diferença entre si e que os primeiros eram com toda a probabilidade povos indígenas celticizados.

A Enciclopédia Britânica, diz que os lusitanos eram um povo ibérico e que no território que hoje é Portugal, resistiram à penetração romana até século II DC. mas que não se tem a certeza se os Lusitanos eram povos iberos celticizados, ou estavam relacionados com os Celtas Lusões do Nordeste da Península Ibérica.

O Dicionário de História de Portugal, de Joel Serrão, dedica várias páginas ao assunto e esclarece um pouco melhor.


 
Aparentemente foi Estrabão, geógrafo e historiador grego dos começos da nossa era, quem primeiramente se referiu aos lusitanos como « a maior das tribos ibéricas, com a qual muitos anos lutaram os Romanos». Plínio e Ptolomeu, assim como outros escritores antigos também se referiram aos "celtici".

Num recente estudo sobre a etnologia dos lusitanos, o Dr. Scarlat Lambrino, partilhando a opinião de Schulten, procurou demonstrar com argumentos bastante convincentes, que tanto os Lusitanos como os Lusones eram povos de origem céltica, talvez procedentes dos Alpes Suíços, entrados na Península quando das migrações célticas, tendo-se os Lusones fixado na região das nascentes do Tejo e os Lusitanos continuando a marcha, seguindo o vale desse rio até ao Atlântico, possivelmente em busca de melhores terras.

Parece também que a palavra Lusos foi uma criação literária empregada pelos humanistas dos séculos XVI e XVII, baseados num passo mitológico de Marco Varrão ( Plinio, III, 8) que filia o topónimo Lusitânia em Lusus ou Lysa, filhos de Baco.

Inspirado nesta fantasiosa lenda, deu Camões à epopeia nacional o título de Lusíadas ( A Britânica diz que Camões chamou Lusíadas ao seu poema épico, derivado de Lusitânia - Província Romana ), com o significado de filhos ou descendentes daquele Luso da mitologia.


Alexandre Herculano, por outro lado, colocou-se porém num ponto de vista exageradamente oposto e recusou-se a aceitar qualquer relação étnica entre os antigos lusitanos e os Portugueses actuais. No entanto esta sua opinião é insustentável pelo ponto de vista dos conhecimentos actuais.


Mais detalhes sobre os Lusitanos ( Ver Dicionário de História de Portugal - de Joel Serrão )

Os lusitanos

Os lusitanos constituíram um conjunto de povos ibéricos pré-romanos de origem indo-europeia que habitaram a porção oeste da península Ibérica desde a Idade do Ferro. Em 29 a.C., na sequência da invasão romana a que resistiram longo tempo, foi criada a província romana da Lusitânia nos seus territórios, correspondentes a grande parte do actual Portugal.

A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos romanos. Outros líderes conhecidos eram Punicus, Cæsarus, Caucenus, Curius, Apuleius,Connoba e Tantalus.

Os lusitanos são considerados, por antropólogos e historiadores, como um povo sem história por não terem deixado registos nativos antes da conquista romana. As informações sobre os lusitanos são-nos transmitidas através dos relatos dos autores gregos e romanos da antiguidade o que por vezes causa diversos problemas ou conflitos na interpretação dos seus textos.

Origem

Os antepassados dos lusitanos compunham um mosaico de diferentes tribos que habitaram Portugal desde o Neolítico. Miscigenaram-se parcialmente com os invasores celtas, dando origem aos lusitanos. Não se sabe ao certo a origem destas tribos celtas, mas é muito provável que fossem oriundas dos Alpes suíços e teriam migrado devido ao clima mais quente na península Ibérica.

Entre as numerosas tribos que habitavam a península Ibérica quando chegaram os romanos, encontrava-se, na parte ocidental, a doslusitani, considerada por alguns autores a maior das tribos ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram os romanos.2

Supõe-se que a zona do centro de Portugal era habitada pelos Lusis ou Lysis que teriam dado origem aos Lusitanos. Os Lusis eram provavelmente povos do Bronze Final, linguística e culturalmente de origem indo-europeia e pré-céltica que numa época posterior vieram a sofrer influências hallstáticas e mediterrânicas, isto ao longo dos séculos VIII e VII a.C.

Os Lusis foram referidos pela primeira vez no Ora Maritima de Avieno onde foram chamados de pernix, que significa ágil, rápido e é o adjectivo que se aplicava ao praticante de jogos de destreza física.

Etnia segundo os autores da Antiguidade

Os escritores da Antiguidade identificaram duas etnias na península Ibérica, a ibera e a celta, e qualificavam os seus habitantes como sendo iberos ou celtas ou uma mistura das duas etnias. No entanto o conceito de ibero podia ser usado num sentido geral, isto é, num sentido geográfico, referindo-se ao conjunto dos seus habitantes, num sentido restrito a um conjunto de tribos com a mesma etnia, ou mesmo podia variar consoante o conceito da época, e o mesmo se pode considerar relativamente ao conceito de celta da Ibéria ou celtibero.

Diodoro Sículo considerava os lusitanos um povo celta: "Os que são chamados de lusitanos são os mais valentes de todos os cimbros". Estrabão diferenciava os lusitanos das tribos iberas. Viriato foi referido como líder dos celtiberos. Os Lusitanos também eram chamados de Belitanos, segundo Artemidoro.

Indícios arqueológicos e pesquisas etnográficas relativamente recentes sugerem que os lusitanos estejam ligados aos lígures, possivelmente através de uma origem comum. No entanto, a religião, a onomástica, nomes próprios e topónimos, e escavações nos castros lusitanos revelam tratar-se de um povo celta. Entre os autores modernos não existe consenso, são considerados iberos, lígures ou celtas.

Os guerreiros ibéricos

Os guerreiros ibéricos são citados como tropas mercenárias na batalha de Hímera em 480 a.C.. Os mercenários ibéricos aparecem nos principais confrontos bélicos do Mediterrâneo, tornando-se num dos pilares dos exércitos do Mediterrâneo central. Estão presentes na batalha de Selinute, Agriento, Gela e Calamina. 

Capacete de Lanhoso
Surgem em outros conflitos na segunda guerra grego-púnica, na Sicília, em Siracusa, em Atenas e estão presentes na defesa de Esparta na batalha de Krimios, na Primeira Guerra Púnica, e com os púnicos no norte de África. 

Tito Lívio (218 a.C.) descreve os Lusitanos pela primeira vez como mercenários ao serviço dos cartagineses na guerra contra os romanos.

Os lusitanos foram considerados pelos historiadores como hábeis na luta de guerrilhas. Eram indivíduos jovens na plenitude da sua força e agilidade e seleccionados entre os mais fortes. Neles recai a defesa da comunidade quando está ameaçada. 

A preparação militar dos jovens guerreiros tinha lugar nas montanhas em lugares específicos.

"Em tempo de guerra eles marcham observando tempo e medida; e cantam hinos (paeans) quando estão prontos para investir sobre o inimigo"6 batendo nos escudos à maneira ibérica.

Falcata Ibérica
Segundo Tito Lívio, os lusitanos eram pacíficos quando não eram acossados.

Mulheres guerreiras

Apiano relata que quando o pretor Brutus, ao perseguir Viriato, atacou as cidades da Lusitânia as mulheres lutavam e morriam valentemente lado a lado com os homens. Depreende-se que de alguma forma o treinamento militar também era dado às mulheres a quem recaia também a defesa dos castros.

Segundo Tito Lívio, são as seguintes as armas utilizadas pelo exército lusitano:

Armamento ofensivo usado na luta corpo a corpo

Punhal de fio recto e antenas atrofiadas ou afalcatado.

Espadas tinham um esmerado processo metalúrgico, com uma resistência e flexibilidade fora do comum para a época. Usavam a espada do tipo La Tène, a espada de antenas atrofiadas e a falcata.

Lança de ponta de bronze - segundo Estrabão, estas lanças eram de uma época antiga e supõe-se que a sua presença se devia a ainda serem usadas em rituais que teriam origem nas tradições das fraternidades guerreiras da idade do bronze.

Labrys, machado de dupla lâmina que aparece em moedas romanas da lusitânia não parece que era usado pelos lusitanos mas pelos cântabros.

Competições Guerreiras

Os guerreiros lusitanos realizavam competições entre si, em que tomava parte a cavalaria e a infantaria; competiam em boxe, luta livre, corridas, faziam combates de grupo e combates entre esquadras. Estrabão reconhecia que os lusitanos lutavam como peltastas, e eram organizados e eficientes a posicionarem-se na linha de batalha ou a movimentarem-se concertadamente para posições estratégicas.

As lutas dos lusitanos contra os romanos começaram como mercenários no exército púnico e depois reacenderam em 193 a.C.. Em 150 a.C. o pretor Sérvio Galba, após ter infligido grandes punições aos lusitanos, aceitou um acordo de paz com a condição de entregarem as armas, aproveitando depois para os chacinar. Isto fez lavrar ainda mais a revolta e, durante oito anos, os romanos sofreram pesadas baixas.

As guerras lusitanas acabaram com o assassínio traiçoeiro de Viriato por três aliados tentados pelo ouro romano. Mas a luta não parou e para tentar acabá-la Roma mandou à península o cônsul Décimo Júnio Bruto Galaico, que fortificou Olisipo, estabeleceu a base de operações em Méron próximo de Santarém, e marchou para o Norte, matando e destruindo tudo o que encontrou até à margem do Rio Lima. Mas nem assim Roma conseguiu a submissão total e o domínio da Lusitânia. A tomada de Numância, na Celtibéria, pelos romanos, foi vista como um símbolo da resistência dos aliados dos lusitanos.

Estruturas dos Povoados

As casas de pedra tinham forma redonda ou rectangular; eram cobertas de palha e ficavam situadas no alto de morros ou colinas, agrupando-se em aldeias - os castros citados pelos historiadores antigos.

As casas eram dispostas ordenadamente e formavam algo semelhante a bairros, organizados por famílias e subdivididos em diversos núcleos habitacionais que distribuíam-se em torno de um pátio, de acordo com a sua função. Incluíam cozinha com lareiras a forno, local de armazenagem de géneros, zonas de dormida, recinto para guarda de animais.

A decoração das casas, em relevo e gravura, era feita com motivos geométricos, em forma de corda, de espinha, com círculos encadeados ou sinais espiralados, tríscelos e tetrascelos, cruciformes e serpentiformes.

Castro da Cárcoda junto à localidade de Carvalhais (São Pedro do Sul)
Nos castros destacava-se um grande edifício de planta circular, para reuniões do conselho comunitário, com bancos ao redor. Havia ainda os balneários públicos para banhos frios e de vapor. As ruas eram calcetadas com pedras regulares.

Encontram-se dois tipos de castros: fortificados, cercados com muralhas defensivas feitas de grandes pedras, chegando a alcançar um quilómetro de perímetro; e abertos, sem estruturas de defesa visiveis. Outros tipos de povoamentos eram os chamados de casais agrícolas. Verifica-se uma relação estreita entre a fortificação dos povoados e a exploração de metais, encontrando-se frequentemente conheiras e minas de filão perto de castros fortificados.

Os instrumentos musicais incluíam a flauta e a trombeta, com que acompanhavam seus coros e danças, de que os romanos deixaram algumas descrições. Homens e mulheres bailavam em danças de roda, de mãos dadas.

A Sociedade Lusitana

sociedade lusitana essencialmente guerreira denotava a presença de uma hierarquia social em que o guerreiro ocupava uma importante posição. Era uma sociedade aristocrática, na qual a maior parte da riqueza estava nas mãos de um grupo reduzido de pessoas. A presença de jóias e de armas nos túmulos indica a presença de uma elite guerreira.

A organização da família lusitana revela uma estrutura gentílica da sua sociedade, era referida nas fontes epigráficas com a designação de gentes ou gentiliates. Os lusitanos encontravam-se unidos entre si por laços de sangue ou parentesco e não pelo território ocupado.
Lunula Ibérica

O tipo de governo era a chefia militar, na qual o líder era eleito em assembleia popular, escolhido entre aqueles que se distinguiam pela coragem, valor, capacidade de liderança e vitórias obtidas em tempo de guerra. 

Os autores gregos referiam-se a estes chefes militares como hegoumenos, isto é, líder, chefe, e os romanos dux. No entanto, o nome de regnator (rei), e principe,também foram referidos. O hospitium, em que adoptavam-se estranhos na comunidade, é também considerado um costume dos lusitanos.

Apiano revela a existência de uma propriedade comunitária, que para além de terras incluía cavalos, produtos agrícolas e diversos outros bens comunitários incluindo um tesouro público, do qual fala Diodoro. Esta propriedade comunitária deveria de coexistir a par da propriedade privada. Os lusitanos eram um povo autónomo (grego: αὐτονόμων), com leis próprias.

Os lusitanos tinham o hábito de frequentar salas onde iam untar o corpo com óleos duas vezes ao dia, tomavam banhos de vapor que emanavam de pedras aquecidas. Lançavam água sobre pedras ao rubro e tomavam em seguida um banho frio. Os balneários eram decorados com gravuras em baixo relevo, como indicam os monólitos Pedra Formosa encontrados em sítios arqueológicos castrejos. Estrabão comenta que viviam de uma maneira simples e limpa semelhante à dos lacedemônios.

As refeições em que os Lusitanos se juntavam, apenas uma vez por dia, tinham lugar numa sala onde sentavam-se em bancos móveis, encostados à volta das paredes da sala. A disposição dos bancos obedecia a uma hierarquia que colocava na frente os de mais idade e seguia uma ordem consoante a posição social.
Motivos Castrejos
O alimento mais característico era o pão de bolota ou glande de carvalho; bebiam leite de cabra e cerveja de cevada, reservando o vinho para as festas, com uma produção desde a época pré-romana.

Caça, pesca (usavam barcos feitos de couro ou pirogas de madeira para navegação dos rios), produção de gado bovino e equino, produção de mel e lã, assim como trigo, cevada, linho e mineração, eram actividades referenciadas.

O custo de vida era muito barato, no século II a.C., os produtos de pesca, ovinos, caprinos e agrícolas abundantes e as peças de caça eram dadas de graça a quem comprava alguns destes produtos.

O escambo era usado nas regiões do interior, onde também usavam peças cortadas de prata batida como dinheiro. Os homens vestiam-se de preto e usavam capas simples, as mulheres capas compridas e vestidos de cores vivas. Os homens usavam os cabelos compridos, como as mulheres, mas que prendiam à volta da testa quando combatiam. Eram tipicamente monogâmicos, casavam-se em cerimónias com rituais semelhantes aos dos gregos.
 
Culto Religioso

Os lusitanos praticavam sacrifícios humanos e, quando o sacerdote feria o prisioneiro no ventre, faziam-se vaticínios segundo a maneira como a vítima caía. Sacrificavam a Ares, deus da guerra, não só prisioneiros, como igualmente cavalos e bodes. Os sacerdotes, a quem Estrabão chama dehieroskópos, segundo a hipótese de alguns autores, fariam parte de um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu prestígio, sabedoria e experiência.

Cabeça Cortada Castreja
Os locais de culto funerários, de grande interesse para os arqueólogos, encontram-se por todo o território da antiga Lusitânia. 

Do período paleolítico, conhecem-se cemitérios onde os corpos estavam dispostos com restos de alimentos, utensílios e armas; do megalítico abundam os dólmens, conhecidos em Portugal como antas ou mamoas - porque os montículos de terra que se acumularam sobre eles criaram essa forma arredondada.

Os santuários eram erigidos nas massas rochosas de locais com certo domínio da paisagem, à beira de cursos de água ou junto a montes. 

Nestes santuários encontram-se cadeirões de pedra, pias e altares, como no Castelo do Mau Vizinho, no Santuário da Rocha da Mina, no Cadeirão da Quinta do Pé do Coelho, ou no Penedo dos Mouros.

Também na área lusitana verifica-se a presença de estátuas chamadas berrões, que assume-se terem sido utilizadas para fins de carácter religioso. Supõe-se que seriam animais sagrados.

Mapa dos Povos Pre-romanos
Os lusitanos eram um povo guerreiro e agrário. A minas no território hispânico davam-lhes o ferro que servia para os seus instrumentos de guerra, sobretudo as compridas lanças, que não poupavam o inimigo. Foi assim, como um povo guerreiro e agrário, que conseguiram dominar a quase totalidade da Península Hispânica.

Era gente aguerrida, formando tribos sem coesão política e que escolhia povoações fortificadas, vivendo do pastoreio e da agricultura. Cultivavam o vinho, o trigo e a cevada, dedicando-se também à pesca. Fabricavam o pão com landes torradas, obtinham a cerveja com base na cevada, alimentavam-se de carne de cabra, usavam a manteiga em vez de azeite.


Estrabão escreveu que os lusitanos eram "a mais poderosa das nações ibéricas e que, entre todas, por mais tempo deteve as armas romanas". Disse também que os lusitanos eram sóbrios e frugais, bebendo só água, cerveja de cevada e leite de cabra. Dormiam deitados no chão. Usavam cabelos compridos como as mulheres, untavam-se com azeite e celebravam jogos vários de destreza física. Fabricavam pão de farinha de glandes de carvalho. Só bebiam vinho em festins. O vestuário dos homens era preto e de lã grosseira ou pelo de cabra.

Sacrificavam aos deuses e consultavam as entranhas humanas em prisioneiros, aos quais cortavam muitas vezes a mão direita. Os criminosos condenados à morte eram despenhados em precipícios, os parricidas lapidados. Casavam à maneira dos gregos. Tito Lívio escreveu que os lusitanos fizeram parte do exército cartaginês de Aníbal que invadiu a Itália ( 218 A.C. ). Diodoro, Possidónio, Plínio, Apiano, Plutarco, etc., escreveram sobre os lusitanos.


(Condensado da Enciclopédia Portuguesa-Brasileira) 

Quem eram os Iberos?

Origem dos Iberos


( Condensado da Enciclopédia Britânica )

Os Iberos eram um povo pré-histórico que vivia no Sul e no Este do território que mais tarde tomou o nome de Península Ibérica. As ondas de emigração de povos Célticos que desde o século VIII aao século VI AC entraram em massa no noroeste e zona centro da actual Espanha, penetraram também em Portugal a Galiza, mas deixaram intactos os povos indígenas da Idade do Bronze Ibérica no Sul e Este da península.

Os geógrafos gregos deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do rio Ebro ( Iberus ), a todas as tribos instaladas na costa sueste, mas que no tempo do historiador grego Herodotus ( 500 AC ), é aplicado a todos os povos entre os rios Ebro e Huelva, que estavam provavelmente ligados linguisticamente e cuja cultura era distinta dos povos do Norte e do Oeste. 

Havia no entanto áreas intermédias entre os povos Célticos e Iberos, como as tribus Celtiberas do noroeste da Meseta Central e na Catalunha e Aragão.


Guerreiros Ibéricos

Das tribos Iberas mencionadas pelos autores clássicos, os Bastetanos eram territorialmente os mais importantes e ocupavam a região de Almeria e as zonas montanhosas da região de Granada. As tribos a Oeste dos Bastetanos eram usualmente agrupadas como "Tartessos", derivado de Tartéssia que era o nome que os gregos davam à região.

Os Turdetanos do vale do rio Guadalquivir eram os mais poderosos deste grupo. Culturalmente as tribos do noroeste e da costa valenciana eram fortemente influenciadas pelas colónias gregas de Emporium ( a moderna Ampúrias ) e na região de Alicante a influência era das colónias fenícias de Malaca ( Malága ), Sexi ( Almuñeca ), e Abdera ( Adra ), que passaram depois para os cartagineses.

Na costa este as tribos Iberas parecem ter estado agrupadas em cidades-estado independentes. No sul houve monarquias, e o tesouro de El Carambolo, perto de Sevilha, parece ter estado na origem da lenda de Tartessos. Em santuários religiosos encontraram-se estatuetas de bronze e terra-cota, especialmente nas regiões montanhosas. Há uma grande variedade de cerâmica de distintos estilos ibéricos.

Foi encontrada cerâmica ibérica no sul da França, Sardenha, Sicília, e África e eram frequentes as importações gregas . A esplêndida Dama de Elche, um busto com características que mostram forte influência clássica grega. A economia Ibérica tinha uma agricultura rica , forte exploração mineira e uma metalurgia desenvolvida.

A língua Ibérica era uma língua não Indo-Europeia, e continuou a ser falada durante a ocupação romana. Ao longo da costa Este utilizou-se uma escrita Ibérica, um sistema de 28 sílabas e caracteres alfabéticos, alguns derivados dos sistemas fenício e grego, mas de origem desconhecida. Ainda sobrevivem muitas inscrições dessa escrita, mas poucas palavras são compreendidas, excepto alguns nomes de locais e cidades do III século, encontradas em moedas.

Os Iberos conservaram a sua escrita durante a conquista romana, quando se começou a utilizar o alfabeto latino. Ainda que inicialmente se pensou que a língua Vasca era descendente do Ibero, hoje considera-se que eram línguas separadas.

( Condensado da Enciclopédia Britânica )

domingo, 10 de fevereiro de 2008

A Batalha de São Mamede - 1128

Motivos da batalha
Após a morte de D. Henrique, em 1112, fica D. Teresa a governar o condado, pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrem, já que lhe tinha sido dado por seu pai na altura do casamento. Associou ao governo o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava. Terá até talvez casado em segundas núpcias com Bermudo, do qual terá tido uma filha.

A crescente influência dos condes galegos no governo do condado Portucalense levou à revolta verificada em 1128, protagonizada pela grande maioria dos infanções do Entre Douro e Minho. Estes escolheram para seu caudilho, D. Afonso Henriques, filho de D. Henrique e de D. Teresa.
  1. "A Galiza, incluindo debaixo desta denominação a extensa província portugalense e que naturalmente se devia considerar como incorporado o território novamente adquirido ao Garb muçulmano, constituía já um vasto estado remoto do centro da monarquia leonesa. Os condes que dominavam os distritos em que esse largo tracto de terra se dividia ficavam assaz poderosos para facilmente se possuírem das ideias de independência e rebelião comuns naquele tempo, tanto entre os sarracenos como entre os cristãos. Afonso VI pôde evitar esse risco convertendo toda a Galiza, na mais extensa significação desta palavra, em um grande senhorio, cujo governo entregou a um membro da sua família (...)"
(História de Portugal de Alexandre Herculano)
Batalha de São Mamede

Na batalha de São Mamede defrontam-se os exércitos do conde Fernão Peres de Trava e o dos barões portucalenses. Estes últimos quando venceram Fernão Peres pretendiam apenas obriga-lo a ceder o governo do condado portucalense ao príncipe herdeiro.

A intervenção dos barões portucalenses, liderada pelos senhores de Sousa e de Ribadouro, resultava de um longo percurso, ao longo do qual as linhagens de Entre Douro e Minho tinham solidificado o poder que exerciam na região. Pretendiam, como desde o tempo da condessa Mumadona Dias ocupar um lugar que não estivesse subordinado a ninguém, a não ser uma autoridade local em serviço dos seus interesses. O jovem herdeiro do condado servia exactamente a essa pretensão. Após a vitória Afonso Henriques tomou a autoridade com todo o vigor.

Afonso VII de Leão, ocupado com as vicissitudes da política leonesa, não atribui importância a esta mudança de poder no condado, e limita-se a aceitar o preito de fidelidade de D. Afonso Henriques em 1137. Porque isso contribuía para engrandecer o prestígio do imperador Afonso VII, a chancelaria leonesa não hesita em atribuir o título de rei ao príncipe português. Podia assim Afonso VII afirmar a sua condição de imperador, o qual tem reis por vassalos.

Entre os pricipais barões portucalenses que participaram na batalha de São Mamede ao lado de D. Afonso Henriques, estão Soeiro Mendes de Sousa «O Grosso» (1121-1137), Gonçalo Mendes de Sousa «Sousão» (1154-1167), Egas Moniz de Ribadouro «O Aio» (1108-1146), Gonçalo Mendes da Maia «O Lidador» e outros.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A Figura de Inês de Castro

Quem era Inês de Castro

D. Inês Pérez de Castro era uma dama galega filha natural de D. Pedro Fernández de Castro, dito senhor da Guerra, grande senhor galego, primo direito de D. Pedro I, camareiro-mor de Afonso XI de Castela e de Aldonza Suárez de Valadares. Veio para Portugal em 1340, no séquito de D. Constança, noiva do infante D. Pedro.

A Formosa D. Inês, a quem chamavam o "colo de garça", impressionou D. Pedro, ao que parece desde os primeiros momentos, e assim nasceu o celebrado e desventurado romance entre os dois.

Diz Fernão Lopes na sua crónica do Rei D. Pedro I, « que semelhante amor, qual el Rei Dom Pedro ouve a Dona Enes, raramente he achado em alguma pessoa»

Razões de ordem moral e política se levantaram contra o "grande desvairo". No amoroso, o parentesco entre eles ( D. Inês era prima em 2º grau de D. Pedro ), mas sobretudo ao facto de o rei ser casado. Quanto às razões políticas, a possibilidade, devida à ambição e influência da família castelhana Castro, de que os filhos da ligação poderem vir a subir ao trono de Portugal, em detrimento de D. Fernando, filho de D. Constança e de D. Pedro I.

Os amores de D. Pedro com D. Inês, começaram cedo logo com a chegada do séquito de D. Constança a Portugal. D. Afonso IV obrigou então Inês a retirar-se para Castela, aonde se conservou até à morte de Constança em começos de 1349. Todavia, logo que a princesa faleceu, D. Pedro fez regressar Inês de Castro, passando a viver com ela maritalmente e tendo dela quatro filhos, nascidos entre 1349 e 1354.

Talvez em 1351, tentou obter do Papa uma bula de dispensa que lhe permitisse o casamento com parente tão chegada. Não o conseguiu e alarmou D. Afonso IV e a alta nobreza cortesã que temia a interferência dos poderosos Castros castelhanos no jogo de influências da política portuguesa. Realmente parece não haver dúvidas que D. Pedro era um joguete nas mãos de Inês de Castro e dos seus parentes castelhanos.

O aspecto político do caso, teve desfecho espectacular na morte de D. Inês ( 7 de Janeiro de 1355 ), ordenada por D. Afonso IV, a conselho de Diogo Lopes Pacheco, Pedro Coelho e Álvaro Gonçalves. Quando subiu ao trono, em 1357, D. Pedro concluiu o capítulo da chacina de D. Inês com o castigo exemplar de dois dos ex-conselheiros do seu pai.

É curioso assinalar dois rumos diferentes na história de Inês de Castro. Um coevo e popular, considerá-la-ia uma figura antipática e intriguista. Uma mulher perversa e intriguista era uma Inês de Castro. Outro de formação literária, ( Garcia de Resende, Camões, António Ferreira), apresenta-a como uma vítima inocente e infeliz.

( Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão )

Assassinato de D. Inês

O rei Afonso IV decidiu então que a melhor solução seria eliminar Inês. Depois de alguns anos no Norte, Pedro e Inês haviam regressado a Coimbra e se instalado no Paço de Santa Clara.

A 7 de Janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e, aproveitando a ausência de Pedro numa excursão de caça, enviou Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco para executar Inês. Os três se dirigiram ao Mosteiro de Santa Clara em Coimbra, onde Inês se encontrava, e degolaram-na. Tal facto, segundo a lenda, teria originado a cor avermelhada das águas que correm nesse local da Quinta das Lágrimas.

A morte de Inês fez com que Pedro se revoltasse contra Afonso IV, que responsabilizou pela morte, e provocou uma sangrenta guerra civil. A rainha Beatriz interveio e, após meses de luta, a paz foi selada em Agosto de 1355.

Rainha póstuma

Pedro tornou-se o oitavo rei de Portugal em 1357. Em Junho de 1360, faz a famosa declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que havia se casado secretamente com Inês, em 1354 "em dia que não se lembrava". As palavras do rei e de seu capelão
foram as únicas provas desse casamento.

O novo rei perseguiu os assassinos de Inês, que tinham fugido para Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados (segundo a lenda, o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro, pelas costas, e assistiu à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França. Mais tarde foi perdoado pelo rei no seu leito de morte.

Pedro mandou construir dois esplêndidos túmulos - os túmulos de D. Pedro I e de Inês de Castro - no mosteiro de Alcobaça, um para si e outro para onde trasladou os restos de sua amada Inês.

A tétrica cerimónia do beija mão, tão vívida no imaginário popular, provavelmente foi inserida nas narrativas do final do século XVI, depois de Camões descrever, no Canto III de Os Lusíadas, a tragédia da linda Inês, fazendo referência à "mísera e mesquinha, que depois de ser morta foi rainha".

juntou-se a Inês em 1367 e os restos de ambos jazem juntos até hoje, frente a frente, para que, segundo a lenda "possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final".

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Henrique o Navegador

Henrique o Navegador
Terceiro filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre , o Infante D. Henrique nasceu em 4 de Março de 1394 cidade do Porto. Com os irmãos, formou uma das mais esclarecidas proles da história portuguesa, celebrada na literatura romântica com o epíteto de Ínclita Geração.

A primeira grande empresa do infante foi a participação na conquista de Ceuta, em 1415, onde foi armado cavaleiro. Feito duque de Viseu nesse mesmo ano, a casa senhorial de D. Henrique tornou-se, em poucos anos, uma das mais significativas da sua época, consolidada, em 1418, com a administração da Ordem de Cristo.

Foi um inegável desafogo económico que levou o infante a organizar uma armada de corso, primeiro, e, mais tarde, a exploração do Atlântico: de facto, navios ao seu serviço chegaram pela primeira vez à Madeira (1419), aos Açores (1427) e às costas norte-africanas, dobrando, em 1434, o Cabo Bojador, e vencendo deste modo os medos ancestrais relacionados com aquelas paragens longínquas.
Após um breve período de interregno, marcado pela funesta expedição a Tânger, onde perdeu a vida seu irmão, o infante D. Fernando, as viagens de exploração retomaram, em 1441, o seu ritmo inicial, atingindo-se a Guiné e o arquipélago de Cabo Verde.

Animado certamente por um espírito militante e voluntarioso de missionação, o infante D. Henrique buscava também o alargamento dos seus proventos e de novos mercados, uma estratégia que tanto agradava à pequena nobreza senhorial como à burguesia emergente.
Os seus interesses científicos, muito discutidos, não foram meramente instrumentais, tendo mesmo patrocinado a introdução de uma cátedra de Astronomia na Universidade de Lisboa e diversa produção cartográfica de apoio às navegações, embora não com o espírito sistemático que lhe atribuiu a tradição. Em Sagres, onde se recolhia regularmente e onde foi escrito o seu derradeiro testamento veio a morrer a 13 de Novembro de 1460.

Cronologia do Infante D. Henrique
1394: Quinto filho d’el-Rei D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasce a 4 de Março na cidade do Porto -

1408: O pai doa-lhe casa com rendas próprias e bons servidores. -

1415: Atingida pela peste, morre D. Filipa de Lencastre. O Infante D. Henrique distingue-se na batalha da conquista de Ceuta, no norte de África; nessa mesma praça é armado cavaleiro. -

1416: O Infante D. Henrique recebe o ducado de Viseu e o senhorio da Covilhã. -

1418:. É descoberta a ilha de Porto Santo (Madeira). -

1419: O Infante D. Henrique chefia força portuguesa que obriga exército mouro a abandonar o cerco a Ceuta. -

1420: O Infante D. Henrique é nomeado regedor da Ordem de Cristo. Por sua indicação, Bartolomeu Perestrelo povoa a ilha de Porto Santo. O Infante D. Henrique congemina o “Plano das Índias”: localizar, alcançar e fazer aliança com o misterioso Preste João das Índias para se atacar a moirama pela retaguarda. Contrata Jaime de Maiorca, famoso cosmógrafo e cartógrafo catalão. -

1421: Criação da diocese de Ceuta. -

1424: D. Fernando de Castro comanda expedição às Canárias. -

1425(?): Início da colonização da Madeira. -

1426: Gonçalo Velho dobra o Cabo Não (África ocidental) -

1427: Descobrimento das ilhas do centro e leste do arquipélago dos Açores. -

1431: O Infante D. Henrique é nomeado protector da Universidade. -

1433: Morre D. João I e D. Duarte sobe ao trono. O novo monarca doa ao Infante D. Henrique o arquipélago da Madeira. -

1434: Gil Eanes dobra o Cabo Bojador (África ocidental), ao sul do qual, diziam as lendas do Mar Tenebroso, era impossível manter-se a vida. -

1436: A 50 léguas ao sul do Bojador, Afonso Gonçalves Baldaia descobre o Rio do Ouro. É promulgada a bula que autoriza a guerra contra os Infiéis, em Marrocos. O Papa reconhece o direito de Castela à posse das Canárias. -

1437: Contra o parecer do Infante D. Pedro, mas aprovada por el-Rei D. Duarte, os Infantes D. Henrique e D. Fernando chefiam expedição portuguesa para a conquista de Tânger; desastre militar e o Infante D. Fernando é aprisionado pelos mouros e levado para o cativeiro. -

1438: Morre D. Duarte, deixando herdeiro menor de idade, o futuro D. Afonso V; a viúva d’el-Rei, D. Leonor de Aragão, assume a regência; devido à contestação popular (mulher e estrangeira...), será depois substituída pelo Infante D. Pedro, irmão de D. Duarte. -

1439: Início do povoamento dos Açores. -

1440: Tristão Vaz Teixeira é nomeado primeiro capitão-donatário da Madeira (Machico). -

1441: Por esta data, é projectado e começa a ser construído no Algarve um novo tipo de navio, a caravela. É alcançado o Cabo Branco, ao sul do Sahara. São desembarcados no Reino os primeiros cativos negros caçados em África. -

1443: Em Fez, morre no cativeiro D. Fernando, o Infante Santo. O Infante D. Pedro concede ao seu irmão D. Henrique o monopólio de navegação, guerra e comércio nas terras ao sul do Bojador. Nuno Tristão alcança a ilha de Arguim, onde os árabes mantêm um mercador regular de escravos e produtos ricos; o Infante D. Henrique manda ali construir uma fortaleza-feitoria. -

1444: Álvaro Fernandes dobra o Cabo Verde (cabo na costa africana, não o arquipélago que virá a ter o mesmo nome). -

1445: Dinis Dias alcança a foz do rio Senegal. João Fernandes, falando perfeitamente o árabe, percorre o Sudão e alcança Timboctu, centro das caravanas do deserto portadoras das mercadorias preciosas do Oriente e da África. Descoberta do arquipélago dos Bijagós, na costa da Guiné. -

1446: O regente Infante D. Pedro promulga as Ordenações Afonsinas. Nuno Tristão sobe um rio da Guiné (talvez o Barbaci), sendo atacado e morto pelos indígenas. D. Afonso V alcança a maioridade. O Infante D. Henrique doa a capitania de Porto Santo a Bartolomeu Perestrelo. -

1448: Em litígio com o regente Infante D. Pedro, D. Afonso V assume o poder. -

1449: Na batalha de Alfarrobeira (perto de Alverca) o exército de D. Afonso V liquida o Infante D. Pedro e a maioria dos seus partidários. -

1450: Gomes Eanes de Zurara sucede a Fernão Lopes no cargo de cronista régio e escreve a Crónica da Tomada de Ceuta (data provável). -

1452: Diogo de Teive descobre as ilhas de Flores e Corvo (grupo ocidental dos Açores). -

1453: Os Turcos tomam Constantinopla, toda a Cristandade sente-se ameaçada com a expansão do Islamismo. Zurara escreve a Crónica da Conquista da Guiné (data provável). -

1455: Bula do Papa Nicolau V concedendo aos reis de Portugal a propriedade exclusiva das terras e mares já conquistados ou por conquistar, possuídos ou a possuir. Em Lagos o Infante D. Henrique funda a feitoria de tratos de Arguim. -

1456: Cadamosto descobre algumas das ilhas do arquipélago de Cabo Verde. -

1458: Com a participação do Infante D. Henrique, os portugueses conquistam Alcacer-Ceguer aos mouros. -

1459: O Infante D. Henrique entrega a capitania do Funchal a Gonçalves Zarco. -

1460: A 13 de Novembro, na sua vila de Sagres, morre o Infante D. Henrique.

A Figura de Nuno Gonçalves

Um dos grandes mestres da pintura do século XV


Nuno Gonçalves ( 1450-72), Pintor português reconhecido como um dos grandes mestres do século XV. Depois da descoberta em 1882 do seu único trabalho conhecido, a pintura do altar do convento de São Vicente, e depois de 400 anos de anonimato, Nuno Gonçalves foi finalmente reconhecido como o fundador da escola de pintura Portuguesa e um artista de importância Universal.

Aparentemente Gonçalves foi pintor de D. Afonso V em 1450. Francisco de Holanda nos seus "Dialogues on Ancient Painting "(1548), refere-se a Nuno Gonçalves como uma das" águias" um dos mestres do século XV -- mas o seu nome e trabalhos estavam perdidos na história.



A sua obra prima para a catedral de Lisboa foi destruída no terramoto de 1755, e a sua outra obra com o tema de São Vicente, o santo patrono de Lisboa e da casa real de Portugal, desapareceu até 1882, quando foi descoberta no convento de São Vicente. Não foi senão em 1931, quando sua obra foi exposta em Paris, que Gonçalves recebeu o reconhecimento internacional que merecia.


O Políptico de São Vicente (hoje no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa) consiste em seis painéis, dois largos e quatro mais estreitos, dominado pela figura de São Vicente. No maior deles, o "Painel do Infante", o santo é venerado por um grupo de nobres, entre os quais Afonso V.

No outro "Painel do Arcebispo" ele é rodeado pelos clérigos e cavaleiros. Nesta portentosa galeria de figuras agrupadas numa composição medieval há uma meditação na peregrinação das almas, de cristãos numa viagem de descoberta a volta do santo patrono. 

Este é o trabalho de um mestre que mostra alguns traços do arte Italiano e flamengo mais que também revela o seus próprios tributos, uma economia de linha, pincelada brilhante, soberba caracterização, e uma maestria de composição, todas unidas e subordinadas a uma visão religiosa do trabalho.

Condensado da informação da Enciclopédia Britanica

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A Figura de Vasco da Gama

Quem era Vasco da Gama?

Vasco da Gama, nasceu provavelmente em Sines, em Salas ou em alguma aldeia próxima, no final da década de 1460 - cerca de 1469. É o terceiro filho de Estêvão da Gama, cuja família era oriunda da vila de Olivença e de Isabel Sodré, descendente do fidalgo inglês Sudley, que viera há muito a Portugal para participar nas guerras contra Castela.

Perito em navegação, protegido por D. Jorge, filho ilegítimo de D. João II e pelo prior do Crato, D. Diogo de Almeida, Vasco da Gama é fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Santiago e presta importantes serviços a D. João II, principalmente na repressão contra corsários franceses.

D. Manuel I, atraído por esse indómito capitão que todos diziam obstinado, " audaz na acção, severo no comando e terrível na sua cólera", nomeia-o capitão-mor da armada que irá descobrir o caminho marítimo para a Índia.

Vasco da Gama partiu de Lisboa ( Restelo ), a 8 de Julho de 1497, levando três naus e um navio de mantimentos. Chegou à ilha de Santiago ( Cabo Verde ) nos princípios de de Agosto e, a 8 de Novembro, ancorou na angra de Santa Helena ( ainda na costa ocidental da África ), após uma larguíssima rota através do Atlântico Sul.

Uma vez dobrado o cabo da Boa Esperança e a seguir, os cabos das Agulhas e do Infante, ancorou na Angra de S. Brás, onde foi destruído o navio dos mantimentos. Passou ao largo do cabo do Recife e rumou então para o Norte. Alcançou o rio dos Bons Sinais ( Foz do Zambeze ), Quelimane, em Moçambique ), aportando depois a Mombaça e Melinde ( duas cidades do actual Quénia ).
Foi em Melinde que Vasco da Gama, tendo obtido as boas graças do sultão local, conseguiu que este lhe cedesse um piloto conhecedor dos segredos que permitiam uma boa travessia do Índico. Com tão preciosa colaboração, Vasco da Gama e os seus homens alcançaram finalmente a Índia, aportando a Capua ( duas léguas a norte de Calecute ), no dia 20 de Maio de 1498.

E assim, pela primeira vez, ficava estabelecida a ligação, por via marítima, entre a Europa e a longínqua Índia e imortaliza-o, pois ainda à bem pouco tempo, a revista Life considerou-o uma das 100 figuras mundiais mais importantes, do último milénio.

Regressa a Lisboa a fins de Agosto de 1499, sendo recebido apoteoticamente pelo rei e pelo povo. D Manuel II cumula-o de honras e dádivas, concede-lhe o distintivo de Dom, extensivo à família, nomeia-o almirante do mar da Índia e promete-lhe o título de conde.

Volta a regressar à Índia em 1502 para castigar a chacina dos homens de Pedro Álvares Cabral e exerce ferozes represálias sobre Calecute e lançou as bases da hegemonia portuguesa no Índico.

Volta à Índia em 1524, já como conde da Vidigueira investido por D. João III no título de vice-rei levando amplos poderes para atalhar os abusos e excessos de alguns idalgos. Volta a fazer justiça, impondo a ordem com mão de ferro, mas adoeceu gravemente em Cochim, onde faleceu a 24 de Dezembro do mesmo ano.

Em 1538 os seus restos mortais foram repatriados para a Vidigueira, para a capela da Quinta do Carmo e transladados no final do século passado para o Mosteiro dos Jerónimos.

A figura de Afonso de Albuquerque " O Grande"

De Enciclopédia Britânica " Afonso Albuquerque the Great"

Afonso de Albuquerque foi a maior figura de Portugal no Oriente. Segundo filho de Gonçalo de Albuquerque , senhor de Vila Verde dos Francos, nasceu em Alhandra por volta de 1462, sendo educado na corte de D. Afonso V. Em 1476 acompanhou o futuro rei D. João II nas guerras com Castela, esteve em Arzila e Larache em 1489, e em 1490 faz parte da guarda de D. João II, de quem dizem que foi estribeiro-mor, tendo voltado novamente a Arzila em 1495.

Em 1503 é enviado à Índia, no comando de três naus, tendo participado em várias batalhas, erguido a fortaleza de Cochim e estabelecido relações comerciais com Coulão. Regressou a Portugal em 1504, onde expôs a D. Manuel I a sua visão de um império no Oriente, tendo por base a conquista de posições estratégicas nos mares do Índico. Tendo sido aceite o seu plano, seguiu para a Índia em 1506 como capitão-mor do mar da Arábia.

Conquistou Omã e submeteu Ormuz (1507). Já como vice-rei da Índia, em substituição de D. Francisco de Almeida, conquistou Goa (1510) e Malaca (1511) e entrou no Mar Vermelho em 1513. Com a construção da fortaleza de Ormuz em 1515 concluiu o seu plano de domínio dos pontos estratégicos que permitiam o controle marítimo e o monopólio comercial da Índia.

Ao mesmo tempo, seguiu uma política de miscigenação, favorecendo o casamento das indianas com soldados e marinheiros portugueses, que depois ficavam a servir na administração. Afonso de Albuquerque foi um grande marinheiro e estratega militar, além de ter uma grande capacidade como diplomata, que criou as bases do Império Português do Oriente. Faleceu no ano de 1515.

Diz dele a "Bibliotheca Lusitana" de Diogo Barbosa Machado: «Chamado o Grande pelas heróicas façanhas com que encheu de admiração a Europa e de pasmo e terror a Ásia».

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A Figura de Fernão de Magalhães

Quem era Fernão de Magalhães?

Fernão de Magalhães, filho de Rui Magalhães e Alda de Mesquita, nasceu em 1480 em Sabrosa ou no Porto e morreu em 27 de Abril de 1521 em Mactan, Filipinas. Fui pagem da Raínha D. Leonor em Lisboa. Navegou sob as bandeiras de Portugal ( 1505-1512 )e Espanha (1519-21) e é considerado por muitos, como o maior navegador de todos os tempos.

Ainda há poucos anos, foi homenageado pela NASA, que enviou ao espaço uma nave com o seu nome.

Além de Vasco da Gama, Fernão de Magalhães é o único português a figurar na lista das cem figuras mais importantes do último milénio, de acordo com um inquérito internacional da revista Life.

Em 1505 alistou-se na armada de Francisco de Almeida, partindo de Lisboa em 25 de Março. Lutou na batalha naval de Cannanor onde parece ter sido ferido. Tomou parte na grande batalha de Diu, na conquista da Malaca e das Molucas.

Em 1512 regressou a Lisboa combateu em Azamor, e em 1514 pediu a D. Manuel I um aumento da sua pensão. Como o rei tinha recebido informações de conducta irregular de Fernão de Magalhães no cerco de Azamor, recusou o seu pedido e reenviou-o para Marrocos. Magalhães volta a renovar o pedido em 1516, mas D. Manuel I volta a recusar e demite-o dos seus serviços.

Assim, Fernão de Magalhães vai para Espanha, e chega a Sevilha em 20 de Outubro de 1517, renuncia à sua nacionalidade, entrando ao serviço de Carlos V, e passa a chamar-se Fernando de Magallanes, casando com Beatriz de Barbosa, filha de um importante oficial de Sevilha.

Devido ao tratado de Tordesilhas, Espanha entende que as ilhas das especiarias, as Mollucas, lhe pertenciam , e envia uma expedição naval, comandada por Magalhães, que sai de Sanlúcar de Barrameda em 20 de Setembro de 1519,


A frota passa por Tenerife, chega à costa do Brasil em 20 de Setembro, e seguindo para o sul, chega às costas da da actual Argentina, Chile e depois ao oceano Pacífico. Descobriu o famoso estreito que hoje tem o seu nome, a "desejada passagem do sudoeste" e atravessou o oceano com uma sorte espantosa, tal a calma do mar que encontrou, que lhe chamou o"Oceano Pacífico". Nas Filipinas, na ilha de Mactan, foi morte em combate com os indígenas, e Sebastián Elcano termina a viagem, chegando a Espanha a 8 de Setembro de 1522.

Como conta William Oncken, na sua História Universal, o mérito da viagem de Fernão de Magalhães só foi reconhecido nos tempos modernos. E tudo isto, escreve Oncken, por duas razões principais:

Para Espanha - Fernão de Magalhães era um navegador Português
Para Portugal - Fernão de Magalhães ter feito a viagem ao serviço da Espanha.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

As Invasões Francesas - A Guerra Peninsular


Invasões Francesas - Ibéria, o "Vietnam" de Napoleão!

Incursões militares de tropas francesas sobre o território português levadas a cabo, nos anos de 1807-1808, 1809 e 1810-1811, sob a direcção, respectivamente, dos marechais Junot, Soult e Massena.

A razão imediata das invasões relacionou-se com a recusa portuguesa em aderir ao Bloqueio Continental decretado por Napoleão em relação à Inglaterra, no ano de 1806. Para agravar a situação, em Agosto do ano seguinte, França apresentou um ultimato ao governo português: ou este declarava guerra à Inglaterra até dia 1 de Setembro ou as fronteiras nacionais seriam cruzadas pelos soldados franceses. Na medida em que a aliança anglo-lusa não foi quebrada, a ameaça foi cumprida em meados de Novembro.

O poderio militar gaulês aconselhou a que não fosse oferecida oposição de maior aos invasores. No entanto, a família real e a corte acharam por bem embarcar e instalar-se no Brasil de modo a evitar o seu aprisionamento e a manter a independência nacional.

Batalha nas Invasões Francesas

A resistência armada à ocupação ganhou fulgor após a chegada de um contingente militar inglês liderado por Sir Artur Wellesley (doravante conhecido como Lord Wellington), que infligiu duas derrotas aos inimigos nas batalhas de Roliça e Vimeiro. A conjugação de esforços entre portugueses e ingleses permitiu também obrigar Soult e os seus homens a abandonarem o País, em 1809.

Nesse mesmo ano começaram os preparativos para suster a nova invasão que se adivinhava. Neste contexto, foram levantadas à volta de Lisboa três linhas de defesa fortificadas (as linhas de Torres).


 Sir Artur Wellesley
Ainda antes de as atingirem, em 1810, os franceses perderam a batalha do Buçaco. O exército napoleónico foi depois obrigado a suster o seu avanço ante as linhas de Torres, acabando por se retirar na Primavera de 1811

Portugal sofreu grandes danos materiais causados pela luta armada e pelos saques franceses, bem como pela táctica de terra queimada que ingleses e portugueses recorreram com o objectivo de evitar maiores proveitos aos invasores. 

No plano económico, a agricultura e, em particular, a criação de gado ressentiram-se a ponto de a subsistência alimentar não ter sido assegurada nos anos que seguiram a 1811.

Do mesmo modo, diminui a produção industrial, acarretando a redução de remessas para as colónias. 

Por outro lado, a impossibilidade de continuar a fazer-se a redistribuição dos produtos brasileiros através do território português obrigou, em 1808, à abertura dos portos brasileiros à navegação estrangeira.
 
Junot
 
Junot
General francês, natural de Bussy-le-Grand (Borgonha). Foi ajudante-de-campo de Napoleão, servindo no posto de sargento (1793), e tendo ascendido a general em 1801. Recebeu o título de duque de Abrantes em 1804, foi embaixador em Lisboa (1805) e governador de Paris (1807).
 
Comandou a primeira invasão francesa a Portugal (1807-08) à frente de um contingente militar composto por 25 000 homens divididos em três divisões de infantaria e uma de cavalaria. Partiu de Baiona e entrou em Portugal pela Beira Interior, com a missão de alcançar Lisboa no mais curto espaço de tempo possível.

Passando por Idanha, Castelo Branco e Vale do Tejo (Abrantes, Golegã e Santarém), as tropas francesas chegaram a Lisboa a 30 de Novembro de 1807. Era seu objectivo deter a família real e a corte, o que não chegou a acontecer porque D. João tinha já embarcado e saía da barra de Cascais escoltado por uma esquadra inglesa, no instante da sua chegada a São Julião.
 
Com um exército reduzido a menos de metade pela ocorrência de 15 mil baixas, Junot lançou uma proclamação em que se apresentava Portugal sob a protecção francesa e sob o domínio de Bonaparte.As reacções de protesto patriótico por parte dos portugueses, organizados em milícias populares com grande expansão no norte do país, conduziram a vários confrontos que contavam com a colaboração e o apoio militar dos ingleses a favor de Portugal. Junot saiu derrotado na batalha da Roliça (17 de Agosto de 1808) e na Batalha do Vimeiro (21 de Agosto de 1808), o que levou à sua retirada apressada do território português.

Regressou em 1810, integrado no exército de Massena, durante a terceira invasão francesa.Após o fracasso das tropas francesas na Guerra Peninsular, comandou, em 1812, um corpo de exército na Rússia. A sua incapacidade fez com que Napoleão o destacasse para o governo das províncias ilíricas. As perturbações nervosas acumuladas pelo seu insucesso conduziram-no ao suicídio em 1813. Foi casado com Laura Permon, duquesa de Abrantes.

Batalha do Vimeiro

Batalha travada em Agosto de 1808 entre as tropas anglo-lusas, chefiadas por Wellesley, e as forças invasoras francesas, comandadas por Junot. Ao fim de mais de seis meses de ocupação napoleónica, a Inglaterra decidira-se a auxiliar Portugal, cuja corte emigrara para o Brasil. Em dois combates sucessivos, em Roliça e Vimeiro (Estremadura), Junot era rechaçado, não tardando em pedir um armistício.
 
Linhas de Torres Vedras

Massena

Sistema defensivo de fortificações mandado construir em 1809 por Wellesley, comandante do exército anglo-luso, para defender Lisboa das tropas napoleónicas. Localizadas na baixa Estremadura, pretendiam barrar todos os acessos à capital, num eixo que ia do Tejo à costa atlântica.

Concluídas apenas em 1812, subdividiam-se em duas linhas mais avançadas e uma mais recuada, todas pontuadas por fortes estrategicamente situados (como os de São Julião da Barra, Sobral, Torres Vedras, Mafra, Montachique, Bucelas ou Vialonga).

Após a derrota na batalha do Buçaco (1810), a terceira invasão francesa, liderada por Massena, não conseguiu transpor as fortificações das linhas de Torres, confirmando-se assim a utilidade das obras levadas a cabo pelos engenheiros ingleses. .

A Guerra Peninsular

A Guerra Peninsular, também conhecida em Portugal como as Invasões Francesas e em Espanha como Guerra da Independência Espanhola, ocorreu no início do século XIX, entre 1807 e 1814, na península Ibérica, e insere-se nas chamadas Guerras Napoleónicas. A princípio, envolveu Espanha e França, de um lado, Portugal e Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, do outro. Porém, a guerra teve repercussões além da Europa, influindo na independência das colónias da América Latina.
 
Antecedentes
 
A Guerra Peninsular é uma sequência de eventos envolvendo a Península Ibérica que remontam à Campanha do Rossilhão (1793–95), quando tropas de Portugal reforçam as da Espanha, integrando a primeira aliança liderada pela Inglaterra contra a França revolucionária.
 
Invasões Francesas
A partir da ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder (1799), a Espanha alia-se à França para, por meio da invasão e da divisão de Portugal entre estes, atingir indirectamente os interesses comerciais do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda (Guerra das Laranjas, 1801).
 
Em julho de 1807, com os acordos secretos de Tilsit, vai no entanto abrir-se um novo capítulo na guerra europeia. Em agosto, enquanto Napoleão faz concentrar tropas em Baiona para invadir Portugal, os representantes da França e de Espanha em Lisboa entregam ao príncipe regente de Portugal, dom João, os seus “pedidos”: Portugal teria que se juntar no bloqueio continental que a França decretara contra a Inglaterra, fechando os seus portos à navegação britânica; declarar a guerra aos ingleses; sequestrar os seus bens em Portugal, e prender todos os ingleses residentes.
Monumento aos heróis da Guerra Peninsular em Lisboa.
 
Em 5 de setembro de 1807, o general Jean-Andoche Junot está já em Baiona, a cuidar dos últimos preparativos das tropas que irão invadir Portugal, antes mesmo de obter uma resposta definitiva do príncipe regente português, e antes de Napoleão assinar o Tratado de Fontainebleau com a Espanha (27 de outubro de 1807), definindo uma repartição do território português em três novas unidades políticas:
 
Lusitânia Setentrional – território entre o rio Minho e o rio Douro, um principado a ser governado pelo soberano do extinto reino da Etrúria (então Maria Luísa, filha de Carlos IV de Espanha);
 
Algarves – região compreendida ao sul do Tejo, a ser governada por Manuel de Godoy, o Príncipe da Paz, primeiro-ministro de Carlos IV, com o título de rei; e
 
Resto de Portugal – território circunscrito entre o rio Douro e o rio Tejo, região estratégica pelos seus portos, a ser administrada directamente pela França até à paz geral.
 
Tornando aparente à Espanha querer cumprir o Tratado de Fontainebleau, Napoleão ordena a invasão de Portugal, iniciando o que se denomina por Guerra Peninsular (1807–1814), cuja primeira parte é conhecida como invasões francesas a Portugal.
 
A primeira invasão
 
Embarque para o Brasil do príncipe regente de Portugal, D. João VI 

Na iminência da invasão, o príncipe regente, D. João, fizera já saber a Napoleão que iria cumprir as disposições do Bloqueio Continental e, em 30 de outubro, declarara mesmo guerra à Inglaterra, mandando prender, em novembro, os ingleses residentes em Portugal. 
 
A Convenção secreta entre Portugal e a Inglaterra, assinada no dia 22 de Outubro, estabelecia com segurança a manobra luso-britânica de pôr a salvo a família real e o governo português no Brasil.
 
Sob o comando do general Jean-Andoche Junot, as tropas francesas entraram na Espanha em 18 de outubro de 1807, cruzando o seu território em marcha acelerada em pleno inverno, e alcançando a fronteira portuguesa em 20 de novembro. Sem encontrar resistência militar, uma coluna de tropas invasoras atingiu Abrantes em 24 de Novembro. 
 
Faminto e desgastado pela marcha e pelo rigor da estação, o exército francês teve dificuldade para ultrapassar o rio Zêzere, entrando em Santarém em 28. Instalando-se no Cartaxo, parte no mesmo dia, rumo a Lisboa, onde entrou em 30, à frente de dois regimentos em muito mau-estado, ao receber a noticia da fuga família real. 
 
Um dia antes, a família real e a corte portuguesa haviam-se transferido para o Brasil a bordo de uma larga esquadra naval, protegida por naus britânicas, e levando consigo cerca de 15 mil pessoas, deixando o governo do território europeu de Portugal nas mãos de uma regência, com instruções para não "resistir" aos invasores. Ficava vazio de conteúdo o decreto de Napoleão publicado pelo jornal francês Le Moniteur de 30 de outubro, dando como banida a Casa de Bragança do trono de Portugal .
 
Napoleão
Ao chegar a Lisboa, Junot tomou medidas para a instalação das tropas que o precediam. No dia 2 de dezembro de 1807, entrou na cidade o general Laborde, com os efectivos reduzidos e extenuados, com muitos homens montados em burros, mal podendo estar de pé. Três semanas depois de chegar a Lisboa, Junot tinha ainda apenas um efectivo de 10 mil dos 28 mil soldados franceses que tinham invadido Portugal, distribuindo-os ao redor de Lisboa. 
 
A divisão espanhola de Solano, saindo de Badajoz, tomara entretanto Elvas e Campo Maior, indo estabelecer o seu quartel-general em Setúbal, ocupando também Alcácer do Sal e, no Algarve, Tavira e Lagos. A divisão do general Francisco Taranco y Llano, com cerca de 6 mil homens, entrou por Valença e foi garantir a tomada da cidade do Porto, onde já estava o general Juan Carrafa com 4 mil homens, vindos por Tomar e Coimbra. Iniciava-se o período do domínio francês de "El-Rei Junot".
 
Em sinónimo da estabilidade faz abrir o Teatro de São Carlos incumbindo o maestro/ compositor Marcos Portugal do seu funcionamento, o qual, apresenta no dia do aniversário de Napoleão uma revisão do seu ''Demofoonte''.
 
Entretanto, Napoleão envia mais tropas para o norte de Espanha que, a pretexto de apoiar as tropas de ocupação em Portugal, tomam as cidades de Pamplona, Barcelona, Figueras (Catalunha) e San Sebastian. O marechal Joaquim Murat, cunhado de Napoleão, atravessa então Bidassoa e marcha com 100 mil soldados sobre Madrid. Antes de Murat chegar a Madrid, uma rebelião em Aranjuez, em 19 de março de 1808, depõe o rei Carlos IV, afasta Manuel de Godoy, e coloca no trono espanhol o príncipe das Astúrias, com o nome de Fernando VII.
 
O rei Fernando VII recebe o marechal Murat como aliado, confiando ainda que Napoleão cumprirá o Tratado de Fontainebleau. Em Abril, Fernando VII é forçado a abdicar em Baiona e a reconhecer José Bonaparte como rei de Espanha. Além de Fernando VII, são colocados na prisão o seu antecessor, Carlos IV, a rainha e Manuel de Godoy. 
 
Perante a anulação da Casa Real Espanhola, ocorre o levantamento de 2 de maio da população de Madrid contra os franceses, levando Murat a ordenar o fuzilamento de milhares de espanhóis, que Francisco Goya, em 1814, veio a homenagear no quadro "Os fuzilamentos de 3 de Maio". Durante o mês de Maio e Junho, eclodem insurreições populares contra as tropas francesas de ocupação por toda a Espanha e Portugal  .
 
 
Fuzilamentos de 3 de Maio - Goya
Em 9 de maio de 1808, o príncipe regente de Portugal, no Brasil, declarava nulos todos os tratados de Portugal com a França, declarando guerra aos franceses e amizade ao seu antigo aliado, a Grã-Bretanha. No Porto, em 6 de junho, vai abrir-se um período de revoltas populares contra a ocupação francesa, em resultado das quais as populações de Chaves, Miranda, Torre de Moncorvo, Ruivães, Vila Real, entre outras, responderam imediatamente à chamada. Sob o comando do tenente-general Sepúlveda o movimento de Trás-os-Montes voltou ao Porto, onde foi nomeada a Junta Provisional do Supremo Governo do Reino (1808), sob o comando do bispo do Porto, D. António de Castro.
 
A notícia do levantamento do povo espanhol levou o general Solano a retirar com as suas tropas para Espanha. O general Quesnel, um francês que substituíra Tarrancos por morte deste, é preso pelas tropas espanholas de Balestra que, entretanto, recebera também ordem de regressar a Espanha.
 
Em Portugal, as tropas francesas sob o comando de Junot ficam reduzidas às concentrações numa área em volta de Lisboa, delimitada pelo Atlântico, o rio Tejo, e por uma linha que ia de Peniche até Abrantes. No resto do território, os franceses dispunham de forças em posições fortificadas em Setúbal, Almeida e Elvas. Fora dessa área e dessas localidades, os franceses deslocavam-se ainda com um certo à vontade, provocando baixas às forças portuguesas e às populações que se lhes opunham.
 
Porém a resistência portuguesa crescia dia-a-dia. Quando uma força francesa sob o comando do general Louis Henri Loison, sediada em Almeida, tentou marchar sobre o Porto, viu-se cercada por forças de guerrilha de camponeses rudimentarmente armados, mas muito aguerridos. Após três dias de combates, Loison é forçado a retroceder.
 
No sul do país, a tão esquecida revolta de Olhão teria mesmo tomado a dianteira nos combates corpo-a-corpo, no dia 16 de junho, tendo sido considerada pelo próprio príncipe regente como "o primeiro sinal para se restaurar a Monarquia" (ver Alvará Régio de 15 de Novembro de 1808), elevando o então lugar a Vila de Olhão da Restauração.
 
A Junta do Porto, sob o comando do bispo D. António de Castro, vai manter-se ao lado dos resistentes ao ocupante francês. No dia 24 de julho, depois de passar pela Corunha, desembarca no Porto o general Arthur Wellesley (mais tarde duque de Wellington), onde recebe algum apoio, mas sobretudo preciosas informações sobre a situação militar no conjunto do território português. 
 
No dia seguinte, Wellesley decide navegar até à entrada do Tejo para consultas com o almirante Charles Cotton, comandante naval britânico na área. O forte de Peniche estava ocupado por forças francesas e no Tejo estava por perto uma esquadra russa. Decidem fazer o desembarque das tropas britânicas na foz do Mondego.
 
No dia 1 de agosto, as tropas britânicas começaram a desembarcar perto da Figueira da Foz, marchando no dia 10 em direcção a Leiria onde se juntaram às forças portuguesas de Bernardino Freire, comandante do exército português em Montemor-o-Velho. No total seriam cerca de 20 mil homens; 14 mil britânicos e 6 mil portugueses. 
 
Do lado francês, havia inicialmente 30 mil homens, mas calculou-se que não haveria agora mais de 12 mil homens nos arredores da capital. Os restantes estariam distribuídos por Tomar, Abrantes, etc., a que havia que descontar o número de baixas provocados pelas guerrilhas populares e pelas deserções. Travaram-se, na sequência, a batalha de Roliça e a batalha do Vimeiro, vencidas pelos aliados Portugal/Reino Unido da Grã-Bretanha forçando à Convenção de Sintra.
 
A segunda invasão
 
Monumento à Guerra Peninsular, no Porto.

Enquanto em Portugal se lutava contra a ocupação francesa, Napoleão mantinha no trono espanhol o seu irmão José Bonaparte. Os Espanhóis, em revolta contra os usurpadores franceses, obtêm apoio das tropas britânicas estacionadas no norte de Portugal. 
 
Sob o comando de John Moore, os Britânicos passam a fronteira no início de 1809, para serem derrotados, na Corunha, pelo marechal Nicolas Jean de Dieu Soult. 
 
Obrigadas a retirar, deixaram a descoberto a fronteira com Portugal, permitindo a Soult invadir o país pela fronteira de Trás-os-Montes e Alto Douro (Chaves) em Março de 1809, vencendo a Batalha do Carvalho d'Este e avançando até à cidade do Porto, que ocuparam a 24 desse mês, fixando fronteira no rio Douro.
 
A 12 maio desse mesmo ano, tropas Luso-Britânicas sob o comando do General Arthur Wellesley e do comandante-em-chefe o Marechal William Carr Beresford, atravessaram o rio Douro e venceram a chamada batalha do Douro, reconquistando a cidade do Porto (29 de maio) e expulsando o invasor, que se retirou para a Galiza. Seguindo para o sul, as tropas de Wellesley travaram a batalha de Talavera em território espanhol e regressaram a Portugal.
 
É de salientar ainda a importância da escaramuça de Serém, Concelho do Vouga — região pantanosa do rio Vouga e do rio Marnel, actualmente pertencente ao Concelho de Águeda —, em que o capitão-mor do Vouga, José Pereira Simões, travou o avanço para o Sul do marechal Soult - cavalaria de Franceschi e a infantaria de Mermet - até à chegada do coronel Nicholas Trant e do Batalhão Académico e, posteriormente, do general Arthur Wellesley, com reforços. Como consequência, as hostes do marechal Soult não conseguiram atravessar o rio Vouga, perderam a escaramuça de Serém e foram obrigados a retirar-se para o Norte, tendo-se acantonado na cidade do Porto.
 
A terceira invasão
 
Uma terceira invasão francesa do território português teve início em 1810, sob o comando do marechal André Masséna. Penetrando pela região Nordeste de Portugal, conquistou a Praça-forte de Almeida (agosto), na fronteira, marchando em seguida sobre Lisboa. Interceptado pelas forças luso-britânicas, foi derrotado na batalha do Buçaco (27 de setembro). 
 
Batalha do Bussaco
Reagrupando as suas forças, retomou a marcha, flanqueando as tropas luso-britânicas e forçando-as a recuarem para defender a capital. Os franceses atingiram as Linhas de Torres a 14 de outubro, erguidas na previsão dessa eventualidade e onde as tropas luso-britânicas os aguardavam desde o dia 10, retirando-se, derrotados, ao final do dia seguinte.
 
A contra-ofensiva
 
A campanha dos exércitos britânico, português e espanhol, entre maio e agosto de 1813, culminou na batalha de Vitória, seguida um mês depois pela batalha dos Pirenéus. Em pouco mais de dois meses e depois de uma ofensiva de 600 quilómetros com mais de 100 mil homens das três nações em armas, o curso da história europeia foi modificado de forma decisiva. Seguiu-se uma série de batalhas em território francês até à vitória em Toulouse (10 de abril de 1814), que colocou fim à Guerra Peninsular.
 
Conclusão
 
O estudo das circunstâncias que envolvem a Guerra Peninsular são importantes pelos desdobramentos que encerram, debilitando as forças da França e consolidando a hegemonia inglesa que se afirmaria a partir de então. Ao eliminar a monarquia de Carlos IV na Europa, Napoleão abriu as portas que conduziram à independência da América espanhola (com importante apoio da Grã-Bretanha). O mesmo ocorreu ao permitir a saída de D. João VI para o Brasil, processo que criaria as pré-condições para a independência da América portuguesa. 
 
Ainda em 1808, ao aportar a Salvador, na Bahia, o príncipe regente assinou o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, vindo a assinar, em 1810, os tratados que permitiram a hegemonia britânica nas relações comerciais entre ambos os países, abrindo as portas de um mercado em três continentes, com tarifas alfandegárias privilegiadas. 
 
Com fôlego renovado, sob o comando do mesmo Wellington, herói da Guerra Peninsular, a Grã-Bretanha derrotou Napoleão na batalha de Waterloo (1815), desfrutando de uma hegemonia mundial que conservaria até a Primeira Guerra Mundial (1914–18).
 
Por outro lado, embora com menor impacto, o governo de Portugal declararia guerra à França e à Espanha, ocupando a Guiana francesa (1809–15) e a Banda Oriental do rio da Prata, actual Uruguai (1810–28).
 
A crise económica e institucional em Portugal continental agravou-se com a permanência da corte portuguesa no Brasil, o que fortaleceu as ideias liberais no país, conduzindo à Revolução do Porto (1820) e forçando o retorno do soberano à Europa (1821). A tentativa de recolonização do Brasil levou à independência deste, no ano seguinte (1822). 
 
Enquanto franceses e ingleses continuaram com o seu desenvolvimento económico e industrial, Portugal viu o seu território transformado em campo de batalha, as cidades constantemente pilhadas pelos exércitos estrangeiros e a indústria estagnada.
 
Armas na Guerra Peninsular - O mosquete
 
O mosquete é uma das primeiras armas de fogo usadas pela infantaria entre os séculos XVI e XVIII. Trata-se de uma evolução do "arcabuz", semelhante a uma espingarda porém muito mais pesado, com o cano de até 1,5 metros sobre a culatra de madeira. Introduzida no século XVI, é a predecessora da espingarda moderna.
 
Esta arma de fogo portátil foi usada pela infantaria das potências europeia, por um período, concomitante com a besta ou "balestra" até substituí-la integralmente.
 
De acordo com algumas fontes, a palavra teria origem no italiano, moschetto, que por sua vez viria de moschetta, uma pequena pedra disparada pela balista.
 
Moschetta, por sua vez, significa uma pequena mosca, o inseto.

Outras fontes afirmam que a origem do nome vem da palavra francesa mousquette, que é um gavião, sendo comum as armas de fogo receberem nomes de animais.